Estudos recentes continuam a provar que não só que a alocação de ativos representa mais de 90% do desempenho dos investimentos, como também que esta conclusão é válida para qualquer país
A alocação de ativos é determinada pelo prazo do investimento e pelo perfil de risco de cada um
Estudos publicados a partir de 1986 mostraram que alocação de ativos é o principal determinante das variações das rendibilidades dos investimentos, representando 90%, 40% ou até mais de 100% do desempenho
Os primeiros estudos publicados sobre a matéria em 1986 e 1991 para os fundos de pensões mistos ou balanceados nos EUA por Brinson e outros autores mostraram que a alocação de ativos determina mais de 90% da variação de rendibilidade de cada fundo, mais precisamente 91,5%. Em seguida, e num plano muito secundário, surgem a seleção de títulos com 4,6% e a seleção do momento de realização do investimento, apenas com 1,8%.
O estudo conduzido por Ibbotson e Kaplan sobre fundos e pensões e fundos de investimento em 2000 clarificou que a alocação estratégica de ativos determina 90% da variação das rendibilidades de um fundo ao longo do tempo, mas apenas 40% das diferenças de rendibilidade entre os vários fundos (os outros fatores são os momentos de alocação de ativos, estilo de classes de ativos, seleção de títulos e comissões); contudo, aqueles 90% eram devidos em grande parte à exposição dos mercados em geral.
Finalmente, o estudo feito por Ibbotson e outros autores em 2010 sobre 5,000 fundos de investimento conclui que cerca de 75% das rendibilidades de um fundo típico resultam da evolução geral dos mercados, sendo os restantes 25% devidos em partes iguais à alocação de ativos e a gestão ativa.
Em suma, estes estudos demostram a importância de:
- Estar investido no mercado;
- Decidir uma alocação estratégica de ativos.
Por outras palavras, a alocação de ativos é a peça chave dos investimentos.
Contudo, a generalidade das pessoas pensa que é seleção de títulos ou de momentos de mercado e não a alocação de ativos que determina o desempenho dos investimentos, e age em conformidade com esse entendimento
No entanto, isto não é o que a generalidade das pessoas julga. Os estudos um pouco mais recentes mostram que os investidores pensam que o mais importante a seleção de títulos tem um peso de 65% e que a alocação de ativos e a seleção do momento de realização do investimento têm um peso de 7.6% cada.
Em consequência, a maioria das pessoas investe num conjunto de títulos por si selecionado e escolhe os momentos que consideram certos para estar investida. Sem resultado positivo, ou pior, com péssimos resultados.
Os estudos mais recentes continuam a provar não só que a alocação de ativos representa mais de 90% do resultado, como também que esta conclusão é válida para qualquer país
Estudos ainda mais recentes mostram que esta conclusão é verdadeira para qualquer geografia quando se analisam os fundos mistos. Seja para os EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália ou Japão, a alocação de ativos representa cerca de 90% das variações das rendibilidades do investimento.
A principal consequência das conclusões destes estudos é que para investirmos bem temos de definir muito bem e estar certos da nossa alocação de ativos (objetivos financeiros, capacidade financeira e tolerância ao risco) e estarmos investidos no mercado.
A alocação de ativos é determinada pelo prazo do investimento e pelo perfil de risco de cada um
A diversificação eficiente e correta tem de tomar em conta as rendibilidades e o risco que queremos para o prazo do investimento, sabendo que quanto maior a rendibilidade maior o risco e vice-versa.
O gráfico seguinte mostra o desempenho de diferentes combinações das 2 principais classes de ativos, durante o período de 1926 e 2018:
Fonte: How to start investing, Fidelity
Sabemos que quanto maior for o prazo de investimento maior risco podemos assumir, pois este dilui-se com a passagem do tempo.
Por outro lado, nem todos temos o mesmo perfil de risco, isto é, suportamos e reagimos aos momentos adversos dos mercados sobretudo àqueles de maior intensidade.
Assim, para vivermos bem com o nosso investimento devemos selecionar a alocação de ativos que melhor se adequa ao nosso objetivo e situação pessoal (prazo do objetivo financeiro, capacidade financeira e tolerância ao risco).
Em suma, a alocação de ativos é a peça chave para os investimentos bem-sucedidos pois:
- É a que determina a diversificação ou combinação de ativos mais adequada para o objetivo financeiro que pretendemos atingir, tomando em conta o prazo e o nosso perfil de risco (capacidade e tolerância ao risco);
- Está provado que é a alocação de ativos que determina mais de 90% do resultado do investimento, em qualquer momento e em qualquer país, ao contrário do que o investidor médio julga.
Noutros artigos veremos como devemos decidir a nossa alocação de ativos de forma a:
- Definir as classes e subclasses de ativos que se justificam (diversificação eficiente);
- Ajustá-la ao nosso caso pessoal (diversificação correta).