Os indicadores económicos avançados são mais úteis para os investimentos do que os indicadores estatísticos oficiais
Os indicadores macroeconómicos avançados dão indicações úteis sobre os movimentos dos mercados financeiros, mas a relação causa-efeito é questionável
Os vários tipos ou categorias de indicadores económicos avançados
Os mercados financeiros vivem de previsões ou antecipações do futuro.
As rentabilidades dos investimentos dependem do desempenho futuro, dividendos, dos juros e dos ganhos de capital decorrentes das valorizações dos preços dos ativos.
Estas componentes são influenciadas não só pela situação específica da empresa em causa, mas também pelo contexto macroeconómico.
As ações das empresas têm um melhor desempenho numa fase de bons níveis de crescimento económico e/ou de baixas taxas de juro.
As obrigações são beneficiadas pela descida das taxas de juro a prazo e por um crescimento económico robusto.
Nessa medida, os analistas e os investidores profissionais seguem muito de perto uma série de indicadores que consideram importantes para projetar o desempenho dos mercados no futuro.
Há basicamente duas categorias de indicadores, os económicos ou fundamentais, por um lado, e os técnicos, quantitativos ou estatísticos, por outro.
Como os próprios nomes indicam os primeiros são usados nos métodos de análise e avaliação fundamental e os segundos nos modelos de a análise técnica dos mercados
Neste artigo desenvolvemos os indicadores económicos, que procuram medir a atividade económica.
Num artigo subsequente, desenvolveremos os indicadores técnicos, de ordem estatística, ligados aos preços dos ativos, como as médias móveis, os suportes e as resistências, a extensão, a profundidade, etc.
Os indicadores económicos avançados são mais úteis para os investimentos do que os indicadores estatísticos oficiais
Os principais indicadores económicos centram-se naturalmente no crescimento económico, ou no PIB como um todo, ou nas suas componentes, seja no desempenho do consumo, dado tratar-se da maior componente do PIB, representando mais de 60%, seja das exportações e importações, e na evolução das taxas de juros e da inflação.
Ora, os indicadores macroeconómicos mais correntemente usados como o PIB, a produção, o consumo interno e as exportações e importações, servem muito pouco pois as estatísticas oficiais são divulgadas com um grande desfasamento face à data da sua medição (normalmente de um mês ou mais).
Nessa medida, estes indicadores são olhar como olhar para o retrovisor e ver o passado, não o futuro.
É por isso que os especialistas seguem outro tipo de indicadores macroeconómicos que pretendem capturar a realidade daquelas variáveis macroeconómicas, mas no momento presente.
Estes indicadores têm o nome de indicadores instantâneos ou avançados. São também conhecidos como indicadores de sentimento pois na maioria dos casos resultam de inquéritos feitos a agentes económicos, sejam produtores ou consumidores.
Há várias categorias de indicadores segundo a realidade que pretendem capturar.
Destacam-se as medidas de atividade económica, em que se incluem a produção, o consumo e as exportações e importações.
Os dados sobre o emprego também são muito importantes na medida em que este evidencia a situação das empresas e têm impacto nas famílias, afetando o seu rendimento disponível e o consumo, e por essa via, a atividade económica.
Há indicadores diretos, ou que procuram medir determinada variável macroeconómica, e outros indiretos, que são sinais para aferição da mesma. A evolução das vendas a retalho ou do transporte marítimo de mercadorias são um bom exemplo de indicadores indiretos.
Os indicadores macroeconómicos avançados dão indicações úteis sobre os movimentos dos mercados financeiros, mas a relação causa-efeito é questionável
Antes de desenvolvermos este tema, vale a pena fazer a seguinte observação.
Apesar destes indicadores económicos serem chamados de avançados, por anteciparem ou deixarem bons indícios sobre a evolução económica futura, não são avançados para os mercados financeiros.
Por outras palavras, não existe uma correlação de causa e efeito entre estes indicadores e o desempenho dos mercados.
Na verdade, essa correlação até existe, mas no sentido contrário. Alguns estudos apontam para o facto dos índices do mercado acionista, no caso o S&P 500, ser um bom preditor da evolução económica.
Outros mostram que as taxas de juros de longo prazo são igualmente um bom preditor da atividade económica.
Esta realidade não é de estranhar na medida em que os mercados vivem das expectativas e de antecipações sobre os desenvolvimentos futuros, pelo que esta relação o que mostra é que os mercados são bastante eficientes na formação dessas previsões.
Os dois gráficos seguintes mostram o comportamento do índice S&P 500 e de dois dos indicadores avançados mais usados, os PMI (Purchasing Manager Index) para os EUA, respetivamente, para o setor da indústria e dos serviços que são divulgados no princípio de cada mês.
No primeiro gráfico, temos a evolução do índice S&P 500 e da média dos PMI da indústria e dos serviços:
Este gráfico parece indiciar que a relação de causa efeito é do S&P 500 para os PMI, com um desfasamento de entre 6 a12 meses.
No segundo gráfico temos a evolução do índice S&P 500 e o PMI da indústria:
Este gráfico indicia uma relação mais perfeita do que o anterior, o que pode parecer estranho.
Na verdade, nos EUA (e na generalidade dos países desenvolvidos), os serviços representam mais de 67% do PIB e a indústria menos de 15%.
Contudo, a situação da indústria é mais relativa, profunda e duradoura do que a dos serviços.
Neste link temos uma série de gráficos atualizados em cada momento das relações entre estes PMI e uma série de variáveis importantes dos mercados acionistas, incluindo crescimento das vendas, crescimento dos resultados por ação, passados e futuros, etc.:
https://www.yardeni.com/pub/pmisp500.pdf
Consideramos que vale a pena percorrer alguns destes gráficos para entendermos melhor as relações entre este indicador e as variáveis do mercado.
Por exemplo, a relação entre os PMI e os resultados das empresas é forte e bastante simultânea.
A relação entre os PMI e o crescimento das vendas também é evidente, se bem que seja mais desfasada.
Em seguida apresentam-se dois outros gráficos que consideramos importantes, os do índice S&P 500 e o indicador FED Business Conditions, e o PMI da indústria e o spread entre as taxas de juros a 10 anos e as taxas de juro oficiais da FED.
Estes dois gráficos pretendem antecipar ainda mais no tempo e consolidar, a informação contida nos indicadores avançados.
A relação entre o S&P 500 e o índice da FED BC é estreita, direta e intensa, quase perfeita.
Isto significa que o FED BC pode ser um bom preditor do S&P 500:
A relação entre as taxas de juros e o PMI da indústria também é muito importante:
Dum modo geral, o nível deste spread de taxas de juros é visto como um preditor das recessões.
Quando este spread é negativo verifica-se normalmente uma recessão passados entre 6 a 18 meses. Tal sucedeu em todas as recessões assinaladas a sombreado.
https://www.yardeni.com/pub/pmisp500.pdf
https://learn.bybit.com/indicators/best-technical-indicators/
Os vários tipos ou categorias de indicadores económicos avançados
Há indicadores de vários tipos e para vários países, regiões ou até para todo o mundo, com diversas periodicidades.
Nunca é demais observar que o domínio dos EUA é avassalador neste conjunto de indicadores, como sucede em muitas das informações dos mercados financeiros.
Existem os indicadores de crescimento, sendo os mais importantes os PMI mensais por países e para o mundo, e o ISM mensal, e o Philadelphia mensal para os EUA.
Há indicadores de confiança, incluindo o Michigan Consumer Confidence e Business Confidence para os EUA, o Zew para a Alemanha/Europa e os da OCDE para todos os países que a integram, todos mensais.
Existem indicadores de emprego, incluindo os Jobless Claims semanais e os ADP reports mensais nos EUA.
Há ainda indicadores da atividade e rentabilidade das empresas, tais como os EPS, as margens de lucro, as vendas a retalho e as encomendas de bens duradouros semanais, para os EUA.
Existem também os indicadores de evolução das taxas de juros, sendo a principal a curva de rendimentos (“yield curve”).
Também existem indicadores globais tais como o Baltic Dry Index mensal que procura medir a atividade de transporte marítimo internacional, de modo a avaliar a intensidade do comércio externo.
Cada um destes principais indicadores do mercado financeiro será desenvolvido num artigo específico publicado na pasta Ferramentas, incluindo:
Purchasing Managers Index (PMI)
Institute of Supply Management index (ISM)
Michigan Consumer Confidence, Business Confidence
Durable orders