Os principais tipos de fundos de investimento: por objeto, de mercado monetário (ou tesouraria), ações, obrigações ou mistos; por modelo de gestão, de fundos ativos ou passivos (sobre índices dos mercados)
Os fundos de investimento ativos e os fundos de investimento passivos ou indexados
Os fundos de investimento ESG
A informação e os dados essenciais dos fundos de investimento: a estratégia ou política de investimento, e a ficha técnica, o documento informativo e o prospeto de emissão
Num artigo anterior vimos as principais caraterísticas e as vantagens dos fundos de investimento.
Vimos também que os fundos de investimento são o veículo de investimento por excelência dos investidores individuais nos mercados financeiros decorrentes das suas vantagens. Nessa medida, uma das decisões de investimento mais importantes é a escolha dos fundos de investimento.
Há vários fatores e critérios que devem guiar essa seleção, os quais serão abordados nos artigos seguintes.
O primeiro fator consiste no tipo ou na categoria do fundo, pois queremos escolher os fundos de investimento que melhor se ajustam à alocação de ativos definida pelo investidor, em função dos seus objetivos e perfil.
Assim, neste artigo iremos abordar os principais tipos ou categorias de fundos de investimento e a política de investimentos como fator nuclear para a definição do objeto do investimento do fundo.
Esta série é acompanhada pela publicação de artigos contendo informação sobre os principais fundos de investimento de cada categoria na Série Best of Fundos de Investimento na pasta de Patrimónios e Investimentos e de uma ficha resumo da informação dos fundos na pasta de Ferramentas.
Os principais tipos de fundos de investimento definem-se pelo objeto dos ativos de investimento: mercado monetário (ou tesouraria), ações, obrigações ou mistos, e modelo de gestão de fundos ativos ou passivos (sobre índices dos mercados)
Cada fundo de investimento tem uma política de investimento que define o objeto e outras regras ou condições dos seus investimentos que a sociedade gestora tem de observar, designadamente, o tipo e a sua composição em termos de ativos e mercados.
Os fundos de investimento podem ser classificados em diferentes tipos ou categorias, segundo o objeto de investimento. Temos os fundos de mercado monetário, os fundos de obrigações, os fundos de ações, os fundos mistos ou balanceados e os fundos índice de ações (e também de obrigações ou outros ativos).
Fundos do Mercado Monetário
Os fundos do mercado monetário investem em títulos de rendimento fixo de curto prazo. Os exemplos de títulos de rendimento fixo de curto prazo são as obrigações do Tesouro, bilhetes do Tesouro, papel comercial e certificados de depósito.
Este tipo de fundos são geralmente um investimento mais seguro, mas com um retorno potencial mais baixo do que outros fundos de investimento.
Fundos de Obrigações (ou de rendimento fixo)
Os fundos de obrigações ou de rendimento fixo compram investimentos que pagam uma taxa de rendibilidade pré-definida e normalmente fixa.
Este tipo de fundo de investimento centra-se na obtenção de rendibilidades que entram no fundo principalmente através de juros.
Fundos de Ações (ou de rendimento variável)
Os fundos de ações investem em ações ou títulos de rendimento variável.
Existem diferentes tipos de fundos de ações, tais como fundos especializados em ações de crescimento, ações de valor, ações de grande capitalização de mercado, de capitalização média, de capitalização pequena ou uma combinação destas ações.
Fundos Mistos os balanceados
Os fundos mistos ou balanceados investem numa combinação de ações e obrigações – tipicamente num rácio de 40% de ações de 60% de obrigações.
O objetivo destes fundos é gerar rendibilidades mais elevadas do que os fundos de obrigações, mas também mitigar o risco das ações através dos títulos de rendimento fixo.
Fundos indexados ou (sob) índices
Os fundos indexados ou (sob) índices visam acompanhar o desempenho de um índice de mercado específico, por exemplo, o S&P 500, ou Bloomberg Barclays Bond.
Os fundos índice seguem o índice respetivo a que estão associados, e sobem quando o índice sobe e descem quando o índice desce.
Os fundos de índice são cada vez mais populares, uma vez que normalmente têm uma comissão de gestão mais baixa em comparação com outros fundos (dado que o gestor não precisa de fazer tanta pesquisa).
Além destas, há uma grande variedade de outras categorias.
São de referir os fundos setoriais que se centram num determinado setor de atividade como a tecnologia, energia, as telecomunicações, os cuidados de saúde, a biotecnologia, os industriais, etc.
Refiram-se também os fundos temáticos, que têm ganho alguma importância recentemente e que estão associados a temas considerados importantes como as grandes tendências, incluindo as alterações climáticas, o envelhecimento populacional, a nova revolução tecnológica, a biotecnologia, a inovação, etc.
Dentro de cada categoria de fundos temos várias sub-categorias.
Nas ações, as principais subcategorias dividem-se por geografia, por capitalização e estratégia (além da moeda), dando lugar por exemplo a ações de grandes capitalizações e estratégia mista nos EUA (em USD). Nas obrigações, as principais subcategorias organizam-se por geografia, tipo de emitente, rating e prazo, surgindo por exemplo obrigações do tesouro norte-americano a longo prazo.
Estes diferentes tipos ou categorias de fundos de investimento têm rendibilidades, riscos e até custos diferentes, como veremos em artigos seguintes.
Os fundos de investimento ativos e os fundos de investimento passivos ou indexados
Quanto ao modelo de gestão há dois grupos de fundos de investimento: os fundos ativos ou de gestão ativa e os indexados, passivos ou de gestão passiva.
A maioria dos fundos de investimento são geridos de forma ativa, no sentido em que os gestores analisam, selecionam e tomam as decisões de investimento nos ativos e títulos de acordo com as suas preferências e escolhas, naturalmente observando a política de investimentos do fundo.
Por isso, estes fundos são também chamados ativos ou de gestão ativa. Assim, o objetivo dos gestores é baterem o “benchmark” ou o índice de mercado de referência estabelecido como objetivo ou comparação de valorização do fundo.
Os fundos de investimento indexados, que surgiram mais recentemente, são fundos de investimento geridos passivamente, em que tipicamente replicam ou seguem um índice de mercado específico.
Por isso, estes fundos também são chamados de fundos passivos ou de gestão passiva. Assim, objetivo dos gestores destes fundos é o de replicarem ou seguirem da forma mais precisa possível o respetivo índice de mercado.
Normalmente, os fundos ativos têm maiores comissões e custos totais (“Total Expense Ratios” ou TER) do que os fundos indexados, procurando refletir o facto dos maiores custos associados à gestão ativa (de prospeção, análise e seleção dos ativos e dos títulos, assim como dos momentos de mercado dos investimentos).
Contudo, como veremos noutros artigos, a grande maioria dos fundos ativos não consegue bater os respetivos “benchmarks” ou índices, e sobretudo não consegue fazê-lo de forma consistente, como se deduz das baixas taxas de sucesso desses fundos comparativamente aos fundos passivos.
Como veremos noutro artigo, esta situação resulta não só da dificuldade dos gestores em baterem o mercado, mas também do facto de praticarem comissões mais altas.
A crescente preocupação pelas questões sociais mais relevantes têm feito aumentar o interesse dos investidores pelo investimento sustentável, dando origem a fundos especializados nas três principais temáticas da sustentabilidade, o Ambiente, o Social e o Governo (Environment, Social and Governance ou ESG).
Nesta medida temos fundos de ações, de obrigações e mistos, seja de gestão ativa ou de índices, especializados em investimentos sustentáveis ou ESG.
A informação essencial sobre os fundos de investimento é a sua estratégia e política de investimento, na medida em que como vimos noutros artigos a alocação de ativos determina o desempenho dos investimentos em mais de 90 %, em termos de rendibilidades e de riscos.
Esta informação consta dos seguintes documentos publicados pela sociedade gestora e obrigatoriamente acessíveis e disponíveis para os investidores pela entidade comercializadora: a ficha técnica, o documento informativo (KID ou IFI) e o prospeto de emissão do fundo.
Dada a sua importância, recomendamos que a ficha técnica e o documento informativo sejam vistos e analisados aquando da decisão da escolha dos fundos de investimento, para assegurar o melhor alinhamento e adequação com os interesses de cada investidor.
O prospeto é o documento que contém toda a informação de natureza jurídica.
Há um conjunto de entidades que mantêm uma base de dados com os principais elementos de informação dos fundos de investimento do mercado, como por exemplo a Morningstar, a Mutual Funds e a Justetf acessíveis nos links seguintes:
https://www.morningstar.com/large-blend-funds
https://mutualfunds.com/screener/
https://www.justetf.com/en/find-etf.html
A título de exemplo, apresentam-se seguidamente os links para as fichas técnicas e documentos informativos de alguns dos principais e maiores fundos de investimento, os fundos sobre ações do mercado norte-americano:
https://investor.vanguard.com/etf/profile/VTI
https://www.ssga.com/nl/en_gb/institutional/etfs/funds/spdr-sp-500-ucits-etf-dist-spy5-gy
https://fundresearch.fidelity.com/mutual-funds/summary/315911750
https://www.schwabassetmanagement.com/products/swppx
https://am.jpmorgan.com/us/en/asset-management/adv/products/jpmorgan-equity-index-fund-a-4812c1520
https://fundsus.dws.com/us/en-us/products/mutual-funds/dws-core-equity-fund.html/A?&
https://www.amundi.com/usinvestors/Local-Content/Product-Pages/Pioneer-Fund/Pioneer-Fund
https://www.im.natixis.com/us/mutual-funds/natixis-us-equity-opportunities-fund/NESYX