Quem são os investidores, quem são as maiores gestoras mundiais, e quanto e como se deve investir em “private equity”
Como e quanto investir em “private equity”?
Os maiores investidores em “private equity” são investidores institucionais tais como fundos de pensões, seguradoras, fundos soberanos e “family offices”
Os maiores investidores em “private equity” (PE) são os investidores institucionais, como fundos de pensões, como se pode ver no gráfico seguinte para o caso dos EUA:
Os principais investidores em “private equity” são os fundos de pensões públicos com 43%, seguidos das gestoras de ativos com 13%, das companhias de seguros com 11%, dos fundos soberanos com 7%, e das fundações e fundos de pensões privados com 5%. Vemos que são fundamentalmente investidores de muito longo prazo.
A alocação destes investidores institucionais baseia-se no pressuposto de elevados retornos absolutos e não correlacionados.
O gráfico seguinte mostra as captações de fundos de “private equity” por tipo de investidores em vários países ou regiões europeias:
No Reino Unido, a repartição dos principais investidores segue de muito perto o caso dos EUA, sendo dominada pelos fundos de pensões, fundos soberanos e seguradoras. Nos países da Europa Central, os maiores investidores foram as empresas e as grandes fortunas (“family offices”) com cerca de 20% cada. Nos países francófonos, nórdicos e da Europa do Sul os principais investidores são os fundos de fundos, com entre 26% e 35%. Nos países da Europa de leste o maior investidor são as agências governamentais com 39%.
Como vimos, uma parte dos capitais de “private equity” provém de grandes fortunas, através de “family offices” ou fundos de fundos.
A alocação de ativos destas grandes fortunas, compreendendo os afluentes (HNWI, com património superior a 1 milhão de dólares) e os muito ricos (UHNWI, com património superior a 30 milhões de dólares):
As famílias de rendimentos elevados ou afluentes investem 22% do património em alternativos e os muito ricos ou multi-milionários 46%.
O gráfico seguinte mostra a alocação do património dessas famílias dentro da classe dos alternativos:
As famílias de rendimentos elevados alocam 35% dos investimentos alternativos a “private equity”, e as multimilionárias 52%.
As maiores empresas de “private equity” estão baseadas nos EUA e no Reino Unido, embora já existam várias espalhadas por todo o mundo, abrangendo desde as tradicionais especializadas em restruturações como a KKR ou 3i até às emblemáticas da internet de Andreessen Horowitz
As 25 maiores empresas de “private equity” detêm 1,8 biliões de dólares em ativos sob gestão (AuM):
O gráfico seguinte mostra a evolução da dimensão das 4 maiores empresas mundiais de “private equity” entre 2012 e 2019.
Vemos que estas 4 maiores empresas, constituídas pela Blackstone, Apollo, Carlyle Group e KKR, ficaram ainda maiores ao longo deste período, mais do que duplicando os ativos sob gestão.
No gráfico seguinte vemos a evolução da capitalização bolsista das 4 maiores empresas de “private equity” comparadas com algumas das maiores gestoras de fundos de investimento ativos e da Blackrock, a maior gestora de fundos passivos mundial desde 2014:
O sucesso da indústria de “private equity” neste período é evidente, mostrando um aumento do valor de bolsa que só tem par com o da Blackrock, quase que duplicando a capitalização bolsista, e bem contrastante com a perda de quase 50% do valor bolsita das empresas gestoras de fundos ativos.
Como e quanto investir em “private equity”?
A forma mais óbvia de se investir em “private equity” é fazê-lo diretamente nos fundos de “private equity”. Isto é válido pois só é acessível para investidores institucionais e para particulares muito ricos, dadas as exigências de capital e qualificação.
Há mais duas formas indiretas de se investir em “private equity”, que obviam àqueles requisitos, tornando possível investimentos de montantes mais baixos.
A primeira é através do investimento em ações das empresas de “private equity”, muito embora e como tentaremos mostrar a exposição não seja a mesma.
Existem várias empresas de investimento de “private equity” (PE) – também chamadas de empresas de desenvolvimento de negócios (BDCs)— que têm ações cotadas nos mercados de capitais.
Além do Grupo Blackstone, há a Apollo Global Management (APO), o Carlyle Group (CG) e o Kohlberg Kravis Roberts (KKR), mais conhecido pela sua compra massiva alavancada da RJR Nabisco em 1989.
O gráfico seguinte mostra o desempenho das ações das 4 maiores empresas de “private equity” mundiais comparado com o do índice Dow Jones o período entre 2007 e 2016:
O desempenho do investimento nas ações das empresas de “private equity” é pior do que o do Dow Jones. O valor do investimento na Blackstone em 2016 ainda está abaixo do valor da sua admissão à cotação em plena crise financeira em 2007, e o na Apollo ou Carlyle Grupo, cotadas mais recentemente, também está abaixo da linha de água. Apenas o investimento na KKR teve um desempenho bastante positivo, em linha com o do Dow em todo o período, mas bastante melhor nos primeiros anos.
No geral, esta forma de investimento é pouco interessante. Isto deve-se ao facto de estarmos a investir não um fundo específico de “private equity”, mas antes num aglomerado de fundos, e vimos anteriormente a importância de selecionarmos bem os melhores fundos.
A segunda forma indireta de se investir em “private equity” é através de fundos de fundos.
Os fundos de investimento têm restrições em termos de compra de participações privadas (PE) devido às regras da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) relativas a participações ilícitas de valores mobiliários, mas podem investir indiretamente comprando participações em fundos de “private equity” (PE). Estes fundos de investimento são normalmente referidos como fundos de fundos.
Os investidores não qualificados também podem adquirir unidades num fundo negociado em bolsa (ETF) que detém ações de empresas de capitais não abertos à subscrição pública (PE), tais como ProShares Global Listed Private Equity ETF.
Tradicionalmente, os fundos de fundos têm desempenhado um papel crucial permitindo aos investidores o acesso a “private equity”.
Ao oferecer acesso a uma carteira de fundos de “private equity”, os fundos permitem que investidores mais pequenos, que não possam comprometer grandes somas de capital através de múltiplos fundos, ganhem ainda os benefícios da diversificação.
Além disso, os investidores têm a experiência de investimento do gestor do fundo, com a expetativa de que os benefícios de escolher fundos de melhor desempenho excedam os custos adicionais introduzidos pelos fundos de fundos e que consistem numa dupla camada de comissões dos fundos (tipicamente uma comissão de gestão de 1% e uma comissão de sucesso ou desempenho de 5% ou 10% sobre os ganhos, para além das taxas dos fundos subjacentes).
Os maiores fundos fechados mundiais entre 2009 e 2017 mundiais foram os seguintes:
Por fim, relativamente a quanto investir, a nossa opinião é de que o investimento em “private equity” não deve ser feito por investidores particulares ou individuais, mesmo de grandes fortunas, salvo algumas exceções.
Como vimos anteriormente, o investimento em “private equity” deve ser efetuado por profissionais ou qualificados, maioritariamente institucionais de longo prazo, pois torna necessário um conhecimento e uma experiência profundos na matéria, além de um horizonte de investimento muito longo.
Os investidores de grandes fortunas que têm sucesso em “private equity” são os que têm um grande conhecimento e experiência nestas operações e fazem parte do círculo restrito de investidores convidados a participar recorrentemente pelos melhores gestores e fundos de “private equity”.