Nota introdutória: O valor e as advertências das generalizações das 8 mega caps ou das FAANGM
O que são as mega capitalizações 8 -, a sua origem nas FAANGM e nas suas variantes
Os valores de mercado ou a capitalização das Mega caps
Os principais indicadores de crescimento das Mega caps
Quando se fala do investimento no mercado acionista norte-americano fala-se cada vez mais de dois mercados, o mercado total com as 8 mega capitalizações – Apple, Microsoft, Google (Alphabet), Amazon, Facebook, (Meta), Netflix, Nvidia e Tesla (ou as Magnificent 7 que excluem a Tesla, ou as FAANGM, que também exclui a Netflix), e o mercado sem estas empresas.
Isto porque estes conjuntos de mega ações têm um peso muito grande no mercado, movem-se normalmente da mesma forma, e por vezes, de modo distinto do mercado em geral.
Acresce que pela sua dimensão, relevância e notoriedade estas ações, (referidas como verdadeiros monstros ou pesos pesados, “behemoth”), integram a maior parte das carteiras dos investidores individuais e institucionais.
Daí que estas ações tenham uma forte influência e impacto nos vários índices, norte-americanos e mundiais, a ponto de serem chamadas de ações líderes/diretoras do mercado (“bellwethers”).
Tudo isto justifica uma análise cuidada e diferenciada dos segmentos com e sem estas ações.
Na verdade, o que tem puxado pelo índice S&P 500 este ano tem sido o desempenho das 8 mega capitalizações.
O S&P 500 teve um desempenho de 24% em 2023, mas se excluirmos as 8 mega capitalizações que, em média, subiram mais de 90%, o desempenho teria sido inferior a 10% (que foi a valorização do índice S&P 500 “equal weighted”, bem diferente da “cap weighted”).
Este comportamento não aconteceu no ano passado, em que muitas destas ações tiveram comportamentos bem piores do que o mercado global.
No ano passado, em que o mercado acionista perdeu 20%, entrando em “bear market”, as 8 mega capitalizações tiveram também um desempenho muito negativo, em geral, embora com grandes diferenças entre elas.
Esse ano de 2022 foi a exceção, pois estas mega capitalizações têm tido um desempenho muito superior há muitos anos.
Na verdade, desde os anos que se seguiram à retoma da Grande Crise Financeira, sobretudo a partir de 2014, as ações de grande capitalização e de natureza tecnológica, tiveram um desempenho muito superior às restantes:
Embora se trate de empresas com elevado crescimento, este conjunto de ações é considerado por muitos especialistas e gestores de investimentos como um investimento mais defensivo.
Esta caraterística torna-as atraentes no momento atual de transição do ciclo económico, de baixo crescimento, e de inflação e taxas de juro em queda, mas com níveis ainda altos.
São as ações com dimensão, qualidade e vantagens competitivas duradouras e sustentáveis (“MOAT”) para enfrentar momentos de alguma incerteza.
O seu peso e esta ambivalência para apresentarem bons desempenhos nas diferentes fases dos ciclos económicos torna-as únicas.
Devido à sua importância e implicações no mercado para os investimentos acionista em geral, justifica-se uma análise específica deste tema, o que será feito numa série de artigos.
No primeiro veremos o que são as 8 mega caps e as suas principais caraterísticas.
No segundo abordaremos o seu peso e contributo para os principais índices acionistas.
No terceiro analisaremos as avaliações do mercado acionista com e sem as mega caps e como podemos investir no segmento de mercado das mega caps ou no segmento sem as mega caps.
Consideramos que este tema é tão importante que o abordamos com cada vez maior profundidade nos artigos sobre as perspetivas dos mercados trimestrais.
Esta série sobre as mega caps vem na sequência de uma outra série de artigos em que abordámos o tema do investimento em diferentes capitalizações de empresas, nos EUA e na Europa.
Nota introdutória: O valor e as advertências das generalizações das 8 mega caps ou das FAANGM
Nesta análise vamos usar as informações e os dados sobre as 8 Mega caps e as FAANGM, algumas vezes indistintamente, porque estão mais disponíveis e são os mais discutidos.
É evidente que as empresas que integram qualquer destes dois conjuntos têm muitas aspetos em comum, mas não são homogéneas, pelo que temos de ter cuidado com as generalizações.
Nunca há duas empresas iguais ou mesmo próximas.
Estamos a falar de empresas parecidas, mas diferentes, o que pode originar discrepâncias nos comportamentos.
A homogeneidade das FAANGM resulta de serem empresas do setor tecnológico, muito ligadas ao desenvolvimento da web, de grande consumo, da maior escala e dimensão, com forte inovação e sobretudo crescimento, e líderes do mercado bolsista.
A diversidade resulta até da própria evolução do acrónimo, e das variações que vão sendo usadas desde as originais FANG até às mais recentes MAMAA, MAGMA e “Magnificient Seven”.
As 8 mega caps são menos homogéneas pois o critério central é a dimensão da capitalização, a liderança do mercado bolsita e o respetivo peso, o que é volátil.
Contudo, mais importante e apesar das simplificações, estes conjuntos representam uma realidade inquestionável, que é discutida e seguida quase diariamente.
O que são as mega capitalizações 8 -, a sua origem nas FAANGM e nas suas variantes
Jim Cramer e Bob Lang popularizaram o termo FANG como um acrônimo para Facebook, Amazon, Netflix e Google — quatro das ações de maiores e mais conhecidas empresas tecnológicas, em 2013.
Em 2017, Cramer adicionou a Apple ao grupo, passando a FAANG.
Seguidamente foi adicionada a Microsoft, mais uma big tech, com uma capitalização de mercado de biliões de dólares só superada pela Apple, resultando em FAANGM.
As ações da FAANGM cresceram rapidamente durante a metade até o final da década de 2010, tornando-se cada vez mais influentes no mercado de ações.
Mais recentemente este conceito alargou-se a mais duas empresas, a Nvidia e a Tesla, que constituem as 8 mega caps atuais.
As FAANGM e até certo ponto as 8 mega caps têm em comum o facto de serem empresas inovadoras e de grande conteúdo tecnológico (um dos principais elementos diferenciadores da Tesla face aos concorrentes é precisamente o seu software self-driving).
Note-se que a presença das empresas tecnológicas nas mega caps do S&P 500 é uma realidade recente.
A mudança gradual na composição das maiores ponderações S&P 500 de 1980 para 2020 ilustra a notável diminuição da influência económica da indústria petrolífera a favor do domínio das empresas ligadas ao desenvolvimento da Internet:
No link seguinte podemos ver a evolução do “podium” das 10 mega caps do S&P 500 ao longo dos tempos, entre 1980 e 2020:
Os valores de mercado ou a capitalização das Mega caps
A evolução da capitalização das 8 mega caps atuais desde 2013 foi a seguinte:
Em 2013 só a Apple ultrapassava a capitalização de 0,5 biliões de dólares. Atualmente, 5 empresas superam o bilião de dólares de capitalização, das quais três estão acima dos 2 biliões de dólares.
Nestes 10 anos, o crescimento da Apple, Microsoft, Google, Amazon e Facebook (exceto em 2022) foi muito parecido, enquanto o crescimento da Nvidia e da Tesla foi bastante maior.
Os principais indicadores de crescimento das Mega caps
As estimativas de crescimento das receitas e dos resultados a curto e longo prazo dos analistas para as 8 mega caps são as seguintes:
Os analistas preveem um crescimento anualizado de resultados de 20,8% para o próximo ano e de 39,8% para os próximos 5 anos.
É perfeitamente visível que os analistas erram bastante por excesso de otimismo nas previsões de longo prazo, que são muito superiores às do curto prazo.
A evolução prevista das receitas é de 12,4% para 2024.