A história dos mercados financeiros (também) se repete e 90 anos são uma informação de valor incalculável. Não a usarmos é um grande desperdício para os nossos bolsos
Os dados da história do desempenho dos mercados financeiros têm um valor incalculável
A história repete-se, com avanços e recuos, progressos e retrocessos civilizacionais
E os mercados acionistas mostram que progridem a um bom ritmo de rendibilidade em longos períodos
Os dados da história do desempenho dos mercados financeiros têm um valor incalculável
Robert Schiller, Roger Ibbotson e Dimon, Marsh e Staunton construíram um puzzle de 90 anos de dados da história financeira de evolução dos preços dos principais ativos nos EUA e mundiais, desde as ações pequenas e médias empresas e das grandes empresas, até aos títulos do tesouro a 10 anos e aos bilhetes do tesouro a 3 meses, e à inflação
Os resultados do trabalho de Ibbotson (tais como o de Schiller) para os EUA são atualizados todos os anos sendo a versão gráfica mais recente a seguinte:
Os outros autores fizeram uma compilação de dados equivalentes para outros países nos últimos 117 anos, que também atualizam anualmente:
Estes dados têm um valor incalculável que devemos usar. Não podemos estar mais de acordo com a afirmação de Schiller: “Surpreende-me como as pessoas estão muitas vezes mais dispostas a agir com base em poucos ou nenhuns dados do que usar os dados que são um desafio para montar.”
https://www.credit-suisse.com/about-us/en/reports-research/studies-publications.html
A história repete-se, com avanços e recuos, progressos e retrocessos civilizacionais
Nunca é demais destacar a importância e o valor destes trabalhos para a tomada de decisão. Simplesmente porque a história tende a repetir-se.
Quando afirmamos isto, a maioria aceita mas há sempre uma minoria que reage contestando-a. Geralmente, dizendo que daqui para as rendibilidades serão muito menores e os riscos muito maiores. A sua posição radica muito no passado recente da crise de 2007-2008 (esquecendo os anos que se lhe seguiram), ou num futuro sombrio do envelhecimento populacional e de menor empregabilidade decorrente dos avanços da robótica e da inteligência artificial.
Ninguém pode garantir aquela afirmação com um grau de certeza a 100%. Mas podemos assegurar que será quase praticamente certo que a história se repita.
Quando nos deparamos com estas situações recordamos a riqueza e variedade de eventos ou acontecimentos marcantes da história deste período, para o bem e para o mal.
O gráfico seguinte compila os resultados de um inquérito conduzido em 2002 na Holanda sobre os principais eventos do século passado que marcaram a história financeira dos gráficos acima:
Fonte: Reminescenses of na Extreme Century: Intergenerational issues in time heuristics: Dutch people collective memories of the 20th century, Peter Ester, Henk Vinken Isabelle Diepstraten, 2002
Nestes 90 anos, tivemos uma grande depressão, uma grande crise financeira, duas grandes guerras, a ida à lua, a revolução tecnológica (avanços em informação, comunicações e tecnologia), etc. Também tivemos grandes desenvolvimentos em termos pessoais ao nível da educação, medicina, da criação de riqueza pessoa, melhoria da esperança de vida e da qualidade ciência, etc.
Warren Buffett tem uma posição parecida relativamente aos EUA: “No século XX, os Estados Unidos suportaram duas guerras mundiais e outros conflitos militares traumáticos e caros; a Depressão; uma dúzia de recessões e pânicos financeiros; choques de petróleo; uma epidemia de gripe; e a demissão de um presidente desonrado. No entanto, o Dow subiu de 66 para 11.497 pontos.” (aditamento: agora está muito próximo dos 30,000 pontos).
E os mercados acionistas mostram que progridem a bom ritmo de rendibilidade em períodos longos
Esta história pode ser contada com mais riqueza apontando nos gráficos de evolução dos preços dos ativos os principais eventos:
Este primeiro gráfico de Jeremy Siegel, publicado no seu livro “Stocks for the Long Run”, em 2014, mostra uma progressão geométrica de rendibilidades do mercado acionista americano de 6,6% ao ano entre 1802 e 2002, também conhecida como a constante de Siegel.
Este segundo gráfico mostra a evolução do índice americano Dow Jones Industrial Average entre 1896 e 2012, vendo-se que o mercado registou uma progressão geométrica das rendibilidades foi de 5% ao ano, com maior pujança a seguir às grandes guerras e apesar de nos primeiros cinquenta anos não ter avançado muito.
Este terceiro gráfico apresenta o mesmo índice para o mesmo período acompanhado da cronologia dos principais acontecimentos, mostrando o caminho extraordinariamente positivo dos 40 pontos para 30,000 pontos nestes pouco mais de 100 anos.
Vê-se que, por vezes, há períodos de pausa e retrocesso como nos anos da Grande Depressão e o fim da 2ª guerra mundial que levam anos a recuperar.
Este quarto e último gráfico é o mais recente e destaca os factos históricos mais relevantes, positivos e negativos, assim como os períodos de expansão e recessão financeira, evidenciando que estes últimos têm sido menos cada vez menos frequentes com o avançar dos anos.
https://investorpolis.com/investindo-em-acoes-no-longo-prazo-jeremy-siegel/
https://investorpolis.com/pt-a-random-walk-down-wall-street/
A verdade é que independentemente dos eventos positivos e negativos que marcaram este período, as ações e as obrigações tiveram esta valorização muito interessante.
A principal conclusão é que ignorar os dados do passado é fazê-lo com grave prejuízo para si próprio porque estes dados históricos tenderão a repetir-se no futuro.