Pagar-se a si próprio, primeiro
As Apps de poupança são os melhores ingredientes para pouparmos mais
O que queremos das Apps de poupança?
Primeiro, pagar-se a si próprio
Porque não poupamos como consumimos? O que não se gasta poupa-se e vice-versa.
Nós pensamos que consumimos de forma racional, estruturada e programada, acompanhando e controlando os nossos gastos mensais correntes. Na verdade, muitas vezes consumimos de forma emocional e impulsiva, reagindo a solicitações e não resistindo a impulsos cada vez maiores da sociedade consumista.
Sabendo isso, porque não fazemos ao contrário, começando por estabelecer metas e objetivos de poupança e ajustar os nossos gastos às mesmas?
Como diz Warren Buffet “Não poupem o que sobra depois de gastarem; em vez disso, gastem o que resta depois de pouparem (“Do not save what is left after spending; instead spend what is left after saving.”)
Ou “primeiro, paguem-se a si próprios”, o que significa que, do ordenado, primeiro retiram-se automaticamente as contribuições para poupanças, e só se gasta o que fica. Como são poupanças automáticas, primeiro pagamo-nos a nós próprios.
A poupança está para a vida financeira como o exercício físico ou a nutrição estão para a vida saudável.
Sabemos que a nutrição e o exercício nos fazem bem, mas não os adotamos no imediato. Precisamos de disciplina, de regra e de força para começar, para manter e para crescer. São hábitos de vida que se conquistam. Há facilitadores ou catalisadores destes hábitos.
As mudanças ocorrem de duas maneiras: por necessidade ou obrigação, ou por vontade e determinação.
As mudanças mais drásticas surgem normalmente por necessidade ou infelicidade: a doença pode exigir mudanças na alimentação e/ou em começar a fazer exercício físico.
As alterações menos drásticas ocorrem quando decidimos conscientemente mudar a nossa vida, pela positiva, seja por autoestima, família ou amigos. Os apelos são múltiplos e constantes para uma vida sã em termos de informação. Há também muitos mecanismos e indicadores que nos alertam e encaminham para uma vida saudável: uma balança, um medidor de tensão arterial ou um batimento cardíaco.
Na vida financeira também temos as duas realidades. Quando não temos dinheiro, temos de apertar o cinto.
Pena é que não haja os mecanismos e indicadores tão eficazes para a saúde financeira como para a saúde física. São bastante menos visíveis pois as finanças são matéria mais distante e, ao contrário da saúde, não fazemos regularmente um verdadeiro e completo diagnóstico, ou “check-up”, à nossa vida financeira. Há menos difusão de informação sobre as situações dos males financeiros e dos caminhos para o bem-estar das finanças pessoais.
Os mecanismos mais eficazes são os estudos e as análises de natureza financeira que nos mostram o que temos a ganhar em aumentar a taxa de poupança e o que temos a perder se não o fizermos. São os alertas, muitas vezes menosprezados porque consideramos que o nosso caso é sempre diferente do dos outros.
Muitas vezes acreditamos que se hoje não conseguimos, podemos sempre deixar para amanhã, até porque melhores dias virão.
Uma vez tomada consciência da necessidade o obstáculo seguinte é como conseguir satisfazê-la.
As Apps de poupança são os melhores ingredientes para pouparmos mais
É aqui que entram em cena as Apps de poupança. Há apps de poupança de vários tipos ou naturezas consoante as funções a que se destinam e as funcionalidades que possibilitam.
Quanto às funções temos as apps genéricas e as específicas de poupança. Como o próprio nome indica as genéricas fazem um pouco de tudo. As apps específicas focam-se num aspeto concreto, seja o pagamento de dívidas, a orçamentação, a poupança automática, a gestão de investimentos, etc.
Quanto às funcionalidades, a maior distinção é entre as que possibilitam o input automático das transações a partir dos dados bancários, havendo inclusivamente algumas que permitem a agregação de contas de vários bancos, e as em que o registo de dados das transações tem de ser feito manualmente.
Estas já existem há muitos anos e estão muito desenvolvidas para o mercado norte-americano. As mais conceituadas pelas revistas ou analistas da especialidade são as seguintes:
Genéricas: Mint e Quicken
Pagamento de dívidas: You Need a Budget (YNAB)
Gestão de investimentos: Personal Capital
Orçamentação: Everydollar
Os links seguintes dão indicações sobre as capacidades de algumas destas apps:
https://www.investopedia.com/personal-finance/personal-finance-apps/
https://www.investopedia.com/personal-finance/best-budgeting-software/
https://www.thebalance.com/best-expense-tracker-apps-4158958
https://mashable.com/roundup/best-personal-finance-apps/?europe=true
Fora dos EUA e em particular na Europa há muito poucas apps, e nenhuma que seja de referência.
Os grandes bancos já disponibilizam ou têm previsto vir a disponibilizar a curto prazo, apps de orçamentação e de poupança com base nos seus registos bancários. Esta é uma oferta muito interessante para os seus clientes.
Acresce que a recente diretiva de pagamentos PSD2 ou de Open Banking vai permitir aos clientes, caso assim o pretendam e com a sua autorização, exigir aos seus bancos que partilhem a informação das suas contas com terceiras entidades, possibilitando a agregação da informação. Isto significa que os clientes irão no futuro ter muitas ofertas por onde escolher a este nível.
O que queremos das Apps de poupança?
As funcionalidades que gostaríamos de ter numa app de poupança são as seguintes:
- Uma fotografia completa da situação, com todas as transações, gastos rendimentos e contas;
- A possibilidade de agregar a maioria das contas bancárias e dos cartões;
- O registo automático e classificado por categorias das várias transações;
- O controlo das contas a pagar e despesas e a criação de um orçamento;
- A informação antecipada dos pagamentos programados por débito direto e o aviso por alerta dos pagamentos manuais a efetuar;
- Um acompanhamento de todas as nossas contas e investimentos;
- Relatórios dos gastos financeiros, comparação com o orçamento e evolução face a meses anteriores;
- O uso da app num portátil, ipad ou telemóvel.