Quantos anos duram as nossas pensões? O valor total atualizado das pensões devidas medido em número de últimos salários anuais na OCDE
As contas que podemos fazer
As perguntas centrais de muitos de nós são estas:
Será que as pensões duram o tempo suficiente para vivermos bem toda a vida?
Contribuímos uma vida inteira, durante mais de 40 anos. Com estas contribuições fazemos um pé-de-meia para durar quantos anos?
Conseguimos viver só com isto ou vai faltar-nos dinheiro?
Quantos anos duram as nossas pensões? O valor total atualizado das pensões devidas medido em número de últimos salários anuais na OCDE
A OCDE analisa todos os anos a situação das pensões em cada país pertencentes à organização tomando como referência as pensões médias respetivas.
Uma das informações úteis é o cálculo do número de anos que duram as nossas pensões.
Este é obtido a partir da avaliação da riqueza ou património dos direitos do pensionista e da sua comparação com o salário anual.
Esta é calculada como o montante ou o capital financeiramente equivalente no momento presente à soma dos pagamentos com pensões feitos durante toda a vida ao pensionista para o sistema de pensões obrigatórias de cada país. Toma em conta a idade de reforma e a esperança de vida das pessoas, assim como as regras de indexação das pensões.
Para os países da OCDE, os últimos dados disponíveis mostram que estes valores também conhecidos como a riqueza bruta das pensões eram os seguintes:
A pensão média paga em Portugal equivale a cerca de 12 anos de salários, em termos brutos, acima do que sucede na média dos países da União Europeia e da OCDE, em que os valores são de cerca de 10 anos de salários.
O Luxemburgo é o país em que este património do pensionista é maior, avaliado em mais de 18 anos.
Há alguns países emergentes muito bem colocados como o Brasil, a China e a India, que pagam acima de 14 anos de salários.
Nos EUA, no Japão e no Reino Unido, as pensões em percentagem do salário são mais baixas e equivalem a menos de 7 anos de salários brutos para os dois primeiros países e pouco mais de 4 anos de salários para o último.
A OCDE apura também a riqueza bruta das pensões para agregados com diferentes níveis de rendimentos e por género:
Vemos que quanto menor o rendimento maior a riqueza bruta das pensões e vice-versa. Vemos também que a as mulheres têm uma maior riqueza bruta, o que está diretamente associado à sua maior longevidade.
De igual forma a OCDE publica a riqueza das pensões em termos líquidos:
Em Portugal o valor atual líquido das pensões equivale a 15 anos de salários líquidos, o que compara com 11 a 12 anos na OCDE e União Europeia, 7 anos nos EUA e 6 anos no Reino Unido.
A riqueza líquida de pensões por vários níveis de rendimentos e género é a seguinte:
Em Portugal as pensões equivalem a cerca de 15 anos de salários em termos líquidos.
As posições dos restantes países referidos anteriormente mantêm-se mais ou menos as mesmas, melhorando o número de anos para quase todas as economias devido ao facto do regime fiscal ser mais favorável para os pensionistas do que para os trabalhadores.
https://www.oecd.org/daf/fin/private-pensions/Pension-Markets-in-Focus-2021.pdf
As contas que podemos fazer
A questão que mais importa aos reformados é comparar estas realidades com a longevidade ou a esperança média de vida nestes países, ou melhor ainda com o número de anos médios na reforma, cuja situação era a seguinte:
A duração média da vida na reforma é de 17.8 anos para os homens e 22.5 anos para as mulheres nos países da OCDE, e de 18.2 anos para os homens e 23.1 aos para as mulheres na União Europeia.
Na generalidade dos países desenvolvidos a vida na reforma é de mais de 20 anos para as mulheres e 18 anos para os homens, com a França na liderança, seguido de Espanha, Grécia e Itália, com a Coreia do Sul, México, Letónia e EUA na cauda.
Assim, dum modo geral a de vida dos atuais reformados é superior ao número de anos de salários pagos aos pensionistas. O mesmo é dizer que se o pensionista fizer uma vida em que gasta o mesmo do que um salário, o dinheiro não chega para a vida toda.
Nalguns países essa diferença é muito significativa, chegando a atingir mais de 8 a 10 anos nos EUA, Japão e Reino Unido, 8 anos para a média dos países da União Europeia e da OCDE e 3 a 5 anos para Portugal.
Só há duas formas de resolver esta situação. Gastar menos do que o salário, que normalmente é o que se passa uma vez que há vários estudos que apontam para que o reformado necessite apenas de 85% do último salário, em média, para manter o nível de vida.
Para termos uma visão mais completa da situação das pensões no mundo é importante conhecer os valores dos salários médios praticados nessas geografias, corrigidos pelo poder de compra:
O salário bruto médio anual corrigido pelo poder de compra é de cerca de 25,4 mil dólares em Portugal, que compara com quase 40 mil dólares em Espanha, um pouco mais no Japão e no Reino Unido, e 60,6 mil dólares nos EUA.