O risco é a possibilidade de perda derivada da incerteza do resultado do investimento associada à variabilidade dos valores e consequentemente das rendibilidades
Para o investidor, mais do que o risco o que importa é a perda efetiva e realizada, a qual surge só quando vende numa situação de desvalorização do investimento
A banda de flutuação das rendibilidades das principais classes de ativos, e a eventual perda máxima das mesmas (diferença entre os valores máximo e mínimo, ou “drawdown”) num dado período, são dos conceitos e realidades mais importantes para aferirmos a tolerância ao risco
Conclui-se que os investimentos em ações são para o médio e longo prazo e os investimentos em obrigações são para os prazos menos longos, pelo valor, dispersão e frequência das rendibilidades comparadas
O risco é a possibilidade de perda derivada da incerteza do resultado do investimento associada à variabilidade dos valores e consequentemente das rendibilidades
Nas decisões de investimento o risco é tão ou mais importante do que a rendibilidade.
Em termos gerais, o risco é a incerteza do resultado. Faz parte integrante de todos os aspetos da nossa vida.
O risco, em termos financeiros, é variabilidade dos resultados do investimento e, nessa medida, das rendibilidades.
As rendibilidades dos investimentos, observadas ou as que efetivamente obtemos, são diferentes das rendibilidades médias, históricas ou esperadas.
O gráfico seguinte apresenta as rendibilidades anuais observadas para as 3 classes de ativos de 1926 até 2016. Mostra que a variação ou volatilidade das mesmas é maior para as ações (a azul) do que para as obrigações (a encarnado), e que a destas é maior do que a do numerário ou cash (a verde e aproximado pelos bilhetes do tesouro a 3 meses).
Fonte: Are Stocks Really Riskier Than Bonds? InvestorsFriend.com
Para o investidor, mais do que o risco, o que importa é a perda efetiva e realizada, a qual surge só quando vende numa situação de desvalorização do investimento
Mas nem todo o risco (enquanto incerteza ou volatilidade) é mau. Os desvios das rendibilidades positivas são bons. Essas são bem-vindas e nós gostamos. Por outro lado, os desvios de rendibilidades negativas não são necessariamente uma perda.
Estar a perder e ter uma perda são duas coisas diferentes. Podemos estar a perder e vir a ter um ganho (como também perder ainda mais…). A perda só ocorre quando a realizamos. Existe perda quando vendemos um ativo a um preço inferior (somado dos rendimentos entretanto obtidos) ao da compra. Assim, o que importa é a perda e não o risco. E a perda é função não só da flutuação dos preços, mas também da necessidade de realizar a liquidez do ativo num dado momento.
A banda de flutuação de rendibilidades das principais classes ativos e a eventual perda máxima das mesmas (diferença entre os valores máximo e mínimo, ou “drawdown”) num dado período, são dos conceitos e realidades mais importantes para aferirmos a nossa tolerância ao risco
A perda ocorre quando se desmobiliza o capital num momento de desvalorização face ao valor inicialmente investido, seja no final do prazo, seja antecipadamente por necessidades de liquidez. O conceito que captura melhor a possibilidade de perda é o de perda máxima (“drawdown”), sendo esta tida como a maior possível desvalorização dos ativos e investimentos num determinado prazo ou horizonte temporal (diferença entre os valores máximo e mínimo no período).
Nesse sentido, o “drawdown” é porventura um dos dados mais importantes para avaliarmos a nossa tolerância ao risco aos investimentos nos mercados acionistas e obrigacionistas.
O gráfico seguinte mostra as bandas de flutuação máximas e mínimas para 4 classes de ativos – ações de pequenas empresas, ações de grandes empresas, obrigações do tesouro e bilhetes do tesouro -, por períodos de 1, 5 e 20 anos, em termos de rendibilidades nominais ou monetárias, verificadas nos EUA entre 1926 e 2015:
Podemos tirar as seguintes conclusões:
- Existe risco ou flutuação das rendibilidades em todos os ativos e para todos os prazos;
- Para qualquer ativo, o risco ou a flutuação das rendibilidades anuais vai diminuindo com o aumento do prazo;
- A partir de horizontes temporais de 20 anos não há rendibilidades negativas para nenhum ativo, e a banda de rendibilidades torna muito mais interessante o investimento em ações do que em qualquer outra classe de ativos.
O gráfico seguinte mostra os intervalos de flutuações máximos e mínimos para 3 classes de ativos – ações de grandes empresas, obrigações do tesouro e bilhetes do tesouro -, por períodos de 1, 2, 5, 10, 20 anos e 30, mas agora em termos de rendibilidades reais, ou seja, corrigidas da inflação, observados nos EUA entre 1802 e 2012:
Fonte: Stocks for the Long Run, Jeremy Siegel
As principais conclusões são as seguintes:
- Até ao horizonte de 2 anos, a perda máxima do investimento em ações é muito superior à das obrigações e bilhetes do tesouro;
- No horizonte de 5 anos e para períodos mais longos, o investimento em ações é claramente compensador relativamente a obrigações e bilhetes do tesouro pois não sendo a perda máxima muito diferente, o ganho máximo é manifestamente superior, e a rendibilidade média também, como vimos anteriormente;
- Para horizontes de 10 ou mais anos, o investimento em ações é imbatível, com os intervalos de flutuação mais favoráveis a reforçarem a maior rendibilidade média anual.
Conclui-se que as ações são para o médio e longo prazo e as obrigações para os prazos menos longos, pelo valor, dispersão e frequência das rendibilidades comparadas
Além dos intervalos de variação das rendibilidades máximas e mínimas, é igualmente relevante conhecer a frequência de ocorrência das rendibilidades. No período entre 1926 e 2015, nos EUA, as ações tiveram rendibilidades superiores às obrigações em 63% dos anos, 71% nos períodos de 5 anos, 83% nos de 10 anos, 93% nos de 20 e 99% nos de 30 anos.
Em suma: As ações são o melhor investimento para o médio e longo prazo, as obrigações para prazos menos longos, e para horizontes até 2 anos, as poupanças, seja em contas de depósitos ou de outro tipo, são melhores.