O que é o arrependimento?
O arrependimento em investimentos
Não constituir um fundo de reforma é dos maiores e mais comuns arrependimentos financeiros
O que é o arrependimento?
O arrependimento consiste em darmos muito mais peso aos erros de agirmos do que os erros de não fazermos nada.
Na teoria da decisão sobre a tomada de decisões num contexto de incerteza, caso as informações sobre o melhor curso de ação cheguem após tomar uma decisão fixa, a resposta emocional humana do arrependimento é experimentada muitas vezes, e pode ser medida como o valor da diferença entre a decisão tomada e a decisão ideal.
A teoria da aversão ao arrependimento ou do arrependimento antecipado propõe que, ao enfrentar uma decisão, os indivíduos possam antecipar o arrependimento e, assim, incorporar na sua escolha o seu desejo de eliminar ou reduzir essa possibilidade.
O arrependimento é uma emoção negativa com uma poderosa componente social e reputacional, sendo central em como os humanos aprendem com a experiência e na psicologia humana da aversão ao risco.
A antecipação consciente do arrependimento cria um ciclo de feedback que eleva o arrependimento do âmbito emocional — muitas vezes modelado como mero comportamento humano — para o campo do comportamento de escolha racional que é modelado na teoria da decisão.
O arrependimento em investimentos
O medo do arrependimento pode desempenhar um papel significativo para dissuadir alguém de agir ou motivar uma pessoa a agir.
Relativamente aos investimentos, a teoria do arrependimento pode tornar os investidores avessos ao risco, ou pode motivá-los a assumir riscos mais altos.
Os investidores podem minimizar a antecipação do arrependimento que influenciam as suas decisões de investimento se tiverem um entendimento e uma consciência da psicologia da teoria do arrependimento. Os investidores precisam de perceber como é que o arrependimento afetou as suas decisões de investimento no passado e levar isso em conta ao considerar uma nova oportunidade.
Não constituir um fundo de reforma é dos maiores e mais comuns arrependimentos financeiros
A reforma é o principal objetivo de investimento, e ao mesmo tempo, a maior preocupação dos investidores e o seu maior arrependimento.
Diversos estudos sobre finanças e investimentos pessoais mostram que a reforma é o principal objetivo financeiro, como vimos noutros artigos:
Também vimos que é a maior preocupação dos investidores, na medida em que a maioria considera que está atrasada nas poupanças para a reforma, além do facto de alguns terem a consciência que a Segurança Social ou outros regimes públicos terão menor capacidade financeira para assegurar as atuais condições das pensões no futuro.
Por exemplo, o estudo realizado pela Personal Capital nos EUA em 2017 junto de uma amostra dos seus investidores afluentes colocou a reforma como primeira preocupação:
Este principal objetivo e preocupação transforma-se no principal arrependimento da maioria quando são questionadas as pessoas reformadas ou as que estão em idade próxima de entrar na reforma, uma vez que consideram que suas as poupanças acumuladas são insuficientes para manterem o nível de vida, considerando o aumento da longevidade, e também as baixas taxas de remuneração dos capitais para ativos de reduzido risco.
Como podemos ultrapassar este arrependimento?
Temos duas formas de o conseguir. Poupando mais e investindo mais capitais ao longo da nossa vida ativa. E sobretudo, investindo em ativos de maior rendibilidade e também mais risco.
Em muitos casos é difícil pouparmos mais, como mostram os inquéritos realizados.
Então porque é que não investimos mais de ativos financeiros de risco, sobretudo para um objetivo que tem prazo tão grande?
A verdade é que investimos muito pouco em risco e sem nos darmos conta custa-nos muito.
A grande maioria das pessoas dá muita importância ao risco financeiro ou de mercado e muito pouco valor ao risco da inflação ou do nível de vida.
As conclusões de um estudo feito pela Vanguard apresentadas na tabela seguinte mostra as taxas de rendibilidade anuais e os riscos do investimento de 100% em aplicações monetários, tais como depósitos ou contas poupanças, 100% em obrigações do tesouro e 100% num conjunto variado de ações, como por exemplo em produtos índice do S&P 500, nos EUA entre 1900 e 2015:
Este quadro mostra que a segurança do investimento é ilusória. O que evitamos em risco de mercado pagamos a dobrar, ou em boa verdade e como veremos a septuplicar em risco de perda de poder de compra.
O investimento em aplicações monetárias gerou uma rendibilidade nominal anual média de 3,77% no período e só teve 1% de rendibilidades negativas, o que parece bom e seguro. Contudo, se virmos as rendibilidades reais anuais média foram de 0,79% e houve 36% dos anos em que essa taxa foi negativa.
O investimento em produtos índice do S&P 500 gerou uma rendibilidade nominal anual média de 8,12% no período e houve rendibilidades negativas em 26%, refletindo superior rendibilidade acompanhada de mais risco ou volatilidade. No entanto, a rendibilidade real anual média foi de 5,02% e com 29% dos anos negativos, ou seja, uma taxa de rendibilidade 7 vezes maior e com uma percentagem de rendibilidades com perda de poder de compra inferior.
O investimento em obrigações do tesouro produziu rendibilidades nominais a anuais médias de 4,77% e com 22% dos anos com taxas negativas. Em termos de rendibilidade real média anual foi de 1,77% com 43% dos anos serem negativos. A rendibilidade é bem mais interessante do que nas aplicações monetárias, mais do dobro, mas menos de metade do investimento acionista.
Nestes termos, vale a pena investirmos em ativos mais rentáveis, sobretudo nos primeiros 2/3 ou ¾ da nossa vida ativa, tanto mais que o tempo que temos pela frente, ou seja, o prazo do investimento é suficientemente longo para podermos enfrentar e suportar eventuais flutuações negativas do mercado de curto prazo.
Por isso dizemos que o que parece seguro não é. Temos de ter verdadeira consciência dos riscos e mudar o modo como investimos as nossas poupanças.
Selecionar mal os investimentos, não fazer investimentos financeiros de risco, não investir a médio e longo prazo são os principais arrependimentos na realização dos investimentos
O inquérito realizado anualmente pela Schroders ao nível os investidores em todo o mundo e relativo a 2019 que abrangeu mais de 25,000 concluiu nas seguintes razões para não se atingir a rendibilidade estimada:
Os 3 principais arrependimentos na realização dos investimentos são a má seleção de investimentos, reagir às pequenas flutuações do mercado e não manter os investimentos por um horizonte de médio e longo prazo, e não fazer investimentos financeiros com risco, em particular em ações.
Estas situações são facilmente ultrapassáveis com mais literacia financeira, melhor avaliação, planeamento e implementação dos investimentos, e com o apoio de consultores financeiros especializados.