Esta é a terceira vez que abordamos esta publicação anual da autoria de Elroy Dimson, Paul Marsh & Mike Staunton, que publicaram o livro de referência mundial de dados financeiros “Triumph of the Optimists”, em 2000.
A edição de 2020 teve dois capítulos especiais, os investimentos em ESG, e o investimento em países emergentes por comparação com as economias mais avançadas.
A edição de 2021 também teve dois capítulos especiais, as previsões das rendibilidades futuras das ações e obrigações a longo prazo, e o desempenho das rendibilidades desses ativos nas economias emergentes e a sua comparação com as economias avançadas.
Este resumo da publicação contém três excertos do relatório anual de 2022.
O primeiro excerto descreve a base de dados usada, que se encontra no seu cerne e abrange todas as principais categorias de ativos em 35 países (incluindo três novos mercados este ano).
A maioria destes mercados, bem como o índice mundial de 90 países, têm 122 anos de dados desde 1900.
O segundo mostra como as ações e as obrigações se apresentaram durante diferentes regimes de inflação e durante períodos de subida das taxas de juro, duas preocupações atuais.
O terceiro aborda o tema da importância da diversificação, quer em número de títulos quer em termos internacionais.
O núcleo da publicação é a base de dados de longo prazo compilada pelos autores, que cobre as rendibilidades de investimento em 32 países durante períodos de até 121 anos.
Este núcleo faz desta publicação uma referência ímpar no desempenho de longo prazo dos mercados financeiros, incluindo ações (por exemplo, o S&P 500 no caso dos EUA), obrigações do tesouro a 10 anos, bilhetes do tesouro, inflação e moedas.
O desempenho das ações e obrigações em períodos de inflação e de subida das taxas de juros
Durante períodos de diminuição acentuada da inflação, as ações proporcionaram uma rendibilidade real de 13,2%, consideravelmente mais baixa do que a rendibilidade das obrigações de 19,1%.
Em todos os outros períodos, as ações superaram as obrigações, com um prémio médio anual em relação às obrigações de quase 7%.
Durante períodos de inflação acentuada, as ações proporcionaram uma rendibilidade real de -10,5%, superando consideravelmente a rendibilidade das obrigações de -24,9%.
Concluíram que, apesar de prejudicadas pela elevada inflação, as ações foram mais resilientes do que as obrigações (nota: não esquecer que neste muito longo prazo tivemos períodos de hiperinflação, nomeadamente a seguir às guerras).
Nos EUA, as ações proporcionaram uma rendibilidade real anualizada de apenas 3,0% durante os períodos de subida da taxa de juros, em comparação com 9,7% durante as quedas de taxas.
As obrigações norte-americanas proporcionaram uma rendibilidade real anualizada de apenas 0,2% no regime de subida de taxas de juros, em comparação com 3,7% quando as taxas caíram.
Em contraste, as rendibilidades reais dos bilhetes do tesouro eram praticamente os mesmos em ambos os regimes.
Concluíram que durante os ciclos de subidas de juros, tem sido historicamente difícil identificar os ativos que têm um bom desempenho.
Em média, os períodos de subida das taxas de juro têm sido acompanhados por rendibilidades inferiores, recompensas menores de muitas estratégias de investimento de fatores, e menor apreciação dos preços para uma grande variedade de ativos reais.
No entanto, encontraram um desempenho relativo das ações defensivas versus cíclicas, e das ações de grandes comparativamente com as pequenas capitalizações.
As rendibilidades das ações e obrigações têm sido mais baixas durante os períodos de subida das taxas de juro. Mas estes foram também períodos de inflação mais elevada.
Assim, não é possível se estas rendibilidades inferiores se devem à inflação ou à subida das taxas de juros.
A diversificação em número de títulos e em termos internacionais
Uma das principais conclusões é que são precisas mais de 100 ações para se obter uma diversificação razoável, muito mais do que as 20 a 30 que muitos pensavam.
Assim, os investidores sem capacidade de preverem as ações que proporcionam rendibilidades superiores ao mercado devem investir um fundo de índice. No outro extremo, indivíduos altamente qualificados ou gestores de fundos devem gerir carteiras muito concentradas, com até cerca de 10 a 20 ações.
O estudo conclui que os benefícios da diversificação global são muito maiores para os mercados mais pequenos mais concentrados e para os mercados de maior volatilidade.
E que os benefícios da diversificação internacional para os investidores dos EUA não seriam tão importantes.
A razão é que, durante o período analisado, os EUA estão entre os países de risco mais baixos do mundo, o mercado norte-americano dominou as ações mundiais, e a dimensão do mercado norte-americano garantiu que a carteira de investimento já estava muito bem diversificada.
Aceder aqui:
https://www.credit-suisse.com/about-us/en/reports-research/csri.html