Nas economias desenvolvidas, o investimento das famílias nos mercados acionistas está diretamente relacionado com o nível de riqueza, a natureza do modelo socioeconómico e o peso do capitalismo, e a tradição e cultura de rendibilidade e risco de cada país
Nos EUA, cerca de 55% das pessoas investem no mercado acionista
Na Europa, dum modo geral, quanto mais desenvolvido e rico o país, mais as suas famílias investem no mercado acionista
No Japão, as famílias pouco investem no mercado acionista
Nos EUA, cerca de 55% das pessoas investem no mercado acionista
A Gallup realiza um estudo anual sobre a percentagem das pessoas norte-americanas que investem no mercado de ações com os seguintes resultados:
Atualmente 55% dos norte-americanos têm investimentos no mercado bolsista, seja em ações individuais, via fundos de investimento ou os seus planos individuais de pensões.
Esta percentagem tem-se mantido mais ou menos estável desde o final da crise financeira de 2007-2008, mas está abaixo dos níveis de 60% a 63% anteriores.
As famílias que mais investem nos mercados acionistas são as de maiores rendimentos, designadamente aquela percentagem sobe para 89% para as famílias com rendimentos anuais superiores a $100,000, o que contrasta com os 21% das famílias com rendimentos anuais até $30,000.
Em termos etários, são as famílias entre os 30 e os 64 anos participam no mercado acionista, em 64%, contrastando com os 31% das famílias até 29 anos de idade.
Relativamente à educação, 78% das famílias com curso superior investem no mercado acionista, mas só 43% das famílias sem este curso o fazem.
Se formos mais atrás, vemos maiores flutuações na participação das famílias norte-americanas nos mercados acionistas:
Já em 1950, 45% das famílias investiam nos mercados acionistas, percentagem que subiu para mais de 50% em 1955 e por aí ficou até à crise do choque petrolífero de 1973-74, em que esse valor baixou para níveis mínimos entre 25% a 30%.
O boom do princípio da década de 90 fez com que mais famílias investissem no mercado, subindo a sua participação até 60% no pico da bolha tecnológica de 2000, caindo para 45% nos anos seguintes.
Esta queda foi ainda mais acentuada com a crise financeira do sub-prime de 2007 em que a participação das famílias caiu de 55% para 35%, tendo vindo a subir desde então para os atuais 55%.
Estes dados significam que a maioria das famílias norte-americanas possui investimentos nos mercados acionistas desde há longa data, um misto de tradição e cultura da sua organização e estrutura socioeconómica.
Na Europa, dum modo geral, quanto mais desenvolvido e rico o país, mais as suas famílias investem no mercado acionista
Na Europa, como um todo, não há estudos da mesma natureza. Os dados que existem referem-se à composição em termos de instrumentos financeiros do património financeiro total.
As conclusões não são diretas pois a componente dos fundos de pensões e seguros de capitalização que têm uma projeção muito grande em alguns países são elementos que dificultam a comparabilidade.
Países em que estes seguros e planos de pensões são muito avançados como a Holanda, Reino Unido, Dinamarca, Irlanda, Suécia, França e Alemanha, acabam por ter, naturalmente, um grande peso na composição dos destes instrumentos financeiros pelas famílias.
Normalmente, estes fundos e seguros têm uma componente de investimentos financeiros, ações e obrigações.
Além disso vemos que os países em que as famílias têm maior peso em investimentos nos mercados acionistas são a Dinamarca, Suécia, França, Bélgica, Itália, Finlândia, Espanha e Luxemburgo.
Portugal é dos países em que as famílias têm mais aplicações monetárias, depósitos bancários e outras, juntamente com a Eslováquia, Eslovénia, Polónia, Croácia, Chipre, Malta, Grécia e Turquia.
No Japão, as famílias pouco investem no mercado acionista
No Japão a realidade é muito distinta.
A percentagem do património que as famílias japonesas investem no mercado acionista é muito baixa, pouco ultrapassando os 10%. Só foi superior no seu período de boom do seu mercado acionista entre 1985 e 1990, tendo vindo a cair desde então em linha com a crise do mercado.