Os estudos sobre literacia financeira nos países da OCDE apresentam resultados pouco acima dos 50%, com deficiências nos conhecimentos, comportamentos e sobretudo nas atitudes
Segundo o último estudo, os países da OCDE obtêm resultados entre 50% e 65%. Portugal classifica-se ligeiramente acima da média e as principais dificuldades centram-se no domínio dos conceitos de capitalização de rendimentos e da diversificação, na baixa taxa de poupança, falta de fixação de objetivos e de planeamento a longo prazo e falta de informação para decidir sobre investimentos
O estudo da Allianz para a Europa deteta falhas nos conceitos de diversificação, valor esperado, rendibilidade e risco
Nos EUA, as pessoas percebem de empréstimos e poupanças mas entendem menos de diversificação, seguros e investimentos
Segundo o último estudo PISA que avalia a literacia financeira dos jovens no mundo, só 12% têm desempenhos superiores e obtêm melhor classificação os países com a melhor educação global, em particular em matemática
Mais importante: literacia financeira é muito diferente de saber investir – as pessoas dizem que não sabem investir e querem saber mais para o fazer
Segundo o último estudo sobre literacia financeira, os países da OCDE obtêm resultados entre 50% e 65%
Portugal classifica-se ligeiramente acima da média, e as principais dificuldades centram-se no domínio dos conceitos de capitalização de rendimentos e da diversificação, na baixa taxa de poupança, falta de fixação de objetivos e de planeamento a longo prazo e falta de informação para decidir sobre investimentos
A literacia financeira é um tema com uma importância fulcral nas finanças pessoais, na gestão de patrimónios e de investimentos.
Todos os anos são feitos muitos estudos sobre este tema. Algumas das suas conclusões são objeto de debate público e entram na agenda política dos vários países.
Um dos estudos de maior referência é o realizado periodicamente pela OCDE. Este estudo avalia a literacia financeira em 3 dimensões através de várias questões relevantes centradas em cada uma:
- Conhecimentos financeiros (8), compreendendo questões sobre o valor temporal do dinheiro, juros pagos em empréstimos, cálculo de juros, capitalização de rendimentos, juros simples e compostos, rendibilidade e risco, inflação e diversificação;
- Comportamentos financeiros (3), abrangendo perguntas sobre orçamentação familiar, tomada de decisão de compra de bens e serviços, pagamento de despesas, poupança, endividamento, estabelecimento de objetivos a médio e longo prazo e tomada de decisão de investimento;
- Atitudes (4), incluindo a forma como se encara o dinheiro e o planeamento do futuro.
No final, atribui-se uma pontuação que é o resultado de uma média ponderada em que os conhecimentos financeiros têm um máximo de 9 pontos, seguido dos comportamentos financeiros com 7 pontos e das atitudes com 5 pontos, num total de um máximo de 21 pontos. O estudo teve uma participação de 51,650 inquiridos com idades entre os 18 e os 79 anos.
O resultado médio foi de 13,2 para todos os países participantes e de 13,7 para os da OCDE. Portugal surge na metade superior do ranking, encabeçado pela França, Noruega, Finlândia, Canadá e China. Na cauda surgem algumas economias emergentes e populosas como a Polónia, Rússia, Malásia e Brasil.
Mais importantes do que o resultado final são as seguintes conclusões intermédias:
- 56% do total dos adultos participantes e 63% para os dos países da OCDE obtiveram o resultado considerado mínimo de 5 em 7 em conhecimentos financeiros, sendo as áreas mais problemáticas as do efeito da capitalização de rendimentos e do efeito da diversificação na redução de risco de investimentos;
- 51% de todos os adultos participantes e 54% para os dos países da OCDE tiveram o resultado considerado mínimo de 6 em 9 em comportamentos financeiros, em que as matérias mais fracas foram o baixo nível de poupança e a falta de estabelecimento de objetivos a médio e longo prazo;
- 50% do total dos participantes e 55% para os dos países da OCDE alcançaram o resultado mínimo em termos de atitude financeira, salientado os maiores défices na ausência de planeamento a médio e longo prazo e a falta de informação adequada para a tomada de decisão de investimentos, designadamente por não ouvir mais do uma opinião e não usar um consultor financeiro independente.
O estudo da Allianz para a Europa deteta falhas nos conceitos de diversificação, cálculo de valores esperados, e rendibilidade e risco
Um estudo mais recente realizado na Europa pela Allianz em 2017 chegou aos seguintes resultados:
As diferenças são maiores entre os conceitos do que entre os países. As pessoas dominam razoavelmente bem a taxa de juros e a inflação, mas têm dificuldades com a diversificação, o valor esperado e a rendibilidade e o risco.
Esta pode ser uma das razões que coloca mais obstáculos ao investimento em mercados financeiros.
Nos EUA, as pessoas percebem de empréstimos e poupanças mas entendem menos de diversificação, seguros e investimentos
Relativamente aos EUA um dos principais estudos é o da FINRA, realizado de 3 em 3 anos. São apenas 5 questões sobre juros simples, juros e inflação, relação entre a evolução dos juros e o preço das obrigações, custo dos empréstimos à habitação e diversificação. Os últimos dados publicados foram os relativos a 2015, tendo sido inquiridos mais de 27,000 adultos:
Em 2015 apenas 37% dos adultos acertaram em 4 das 5 questões, uma descida face aos 42% atingidos seis anos antes.
A TIAA realiza todos os anos um estudo mais profundo sobre literacia financeira nos EUA, tendo o último sido publicado em 2019 para uma amostra de 1,008 indivíduos adultos:
Os resultados mostram que a maioria da população percebe os temas de empréstimos e das poupanças mas não entende as matérias de diversificação, seguros e investimentos.
Segundo o último estudo PISA que avalia a literacia financeira dos jovens no mundo, só 12% têm desempenhos superiores, e a melhor classificação é obtida nos países com a melhor educação global, em particular em matemática
Um outro estudo mundial muito interessante é o de PISA realizado em 2017 que avalia a literacia financeira nos estudantes com 15 anos de idade nos países da OCDE, testando a sua experiência com o dinheiro:
Em termos da média dos países da OCDE, apenas 12% dos 48,000 estudantes inquiridos tiveram um desempenho excelente.
Os melhores resultados foram obtidos pela China, Bélgica e Canadá, e os piores pelo Brasil, Perú e Chile.
O estudo confirmou também que existe uma relação entre os resultados e o desempenho dos estudantes em avaliações de leitura e matemática, embora 38% da pontuação se deva exclusivamente a competências financeiras.
Em média, 64% dos estudantes já ganham algum dinheiro com uma atividade formal ou informal, 59% recebem uma mesada, e 56% têm uma conta bancária, mas dois terços não sabe como gerir o seu dinheiro e ler um extrato bancário.