Preferência para o mercado acionista norte-americano, em resultado das previsões de crescimento económico, políticas comerciais e risco geopolítico. Projeções para o S&P 500 entre os 6.400 e 7.100 pontos, e das taxas de juro oficiais dos EUA abaixo dos 4%
Os outlook dos principais bancos de investimento para 2025
Previsões para o S&P 500
JP Morgan: Ganhos moderados no S&P 500, com maior inclusão e participação de empresas; estabilização das taxas de juros oficiais norte-americanas entre 3,75% a 4,0% no verão.
Goldman Sachs: S&P 500 nos 6.600 pontos, baseado num crescimento económico mundial de 2,7% e em políticas económicas favoráveis às empresas
Morgan Stanley: S&P 500 nos 6,600 pontos, com crescimento económico de 3,0% nos EUA e crescimento do EPS do S&P 500 de 13%
Bank of America: S&P 500 nos 6,666 pontos, com o crescimento da economia americana a superar o das restantes economias desenvolvidas
UBS: Preferência pelos EUA, e S&P 500 nos 6,600 pontos no final de 2025, impulsionado por crescimento económico sólido, taxas de juros mais baixas e avanços na IA
Grande sintonia nas perspetivas de crescimento económico global e regional, na preferência para o investimento no mercado acionista americano, assim como nas previsões para o desempenho positivo do S&P 500 e para a descida das taxas oficiais pela FED
Conclusões e recomendações: carteiras de investimento balanceadas entre ações e obrigações; ações de empresas de grande qualidade; obrigações de grau de investimento; mercados acionistas sobretudo EUA, complementado por Japão e India
O outlook dos principais bancos de investimento para 2025
Nas passadas duas semanas começaram a ser publicados e divulgados pela imprensa os relatórios sobre as perspetivas dos mercados financeiros para 2025 dos principais bancos norte-americanos: JP Morgan, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Bank of America e UBS.
Todos os anos, os investidores individuais devem fazer uma avaliação do posicionamento dos seus investimentos e este é o momento oportuno para o fazerem, tendo por base um balanço do ano em curso e as perspetivas para o próximo.
Neste artigo, começamos por apresentar as principais conclusões de uma análise conjunta das várias opiniões, passando em seguida para mais algum desenvolvimento sobre a posição de cada um, e concluindo as ideias com as recomendações relativamente aos investimentos.
Há um ano apresentámos o primeiro Outlook anual dos principais bancos de investimento mundiais, que em média apontava para o S&P 500 entre os 4,500 e 4,000 pontos e taxas de juro das obrigações americanas a 10 anos abaixo dos 4,0%.
Nesta data, parece difícil que qualquer um se concretize.
Ambos estão acima, com o S&P 500 em redor dos 6,000 pontos, e as taxas de juros a 10 anos em cerca dos 4,3%, o que ainda é paradoxal, sabendo-se a relação inversa entre as duas variáveis. Este desempenho explica-se, sobretudo, pelo maior crescimento económico do que previsto.
Como é habitual, estes exercícios não consideram quaisquer alterações de fatores exógenos, atuais ou potenciais, incluindo mudanças no contexto geopolítico, em particular da guerra da Ucrânia e do conflito em Gaza.
Em nossa opinião, é interessante e importante considerar e acompanhar a opinião dos grandes bancos relativamente à economia e aos mercados financeiros em geral.
Pelo contrário, somos bastantes críticos sobre o valor das suas recomendações relativamente a títulos individuais.
Num artigo subsequente, apresentaremos a nossa visão e perspetivas económicas e dos mercados financeiros para 2025.
Previsões para o S&P 500
Os bancos de investimento preveem que o S&P 500 se situe entre os 6,400 e os 7,100 pontos no final de 2025:
JP Morgan: Ganhos moderados no S&P 500, com maior inclusão e participação de empresas; estabilização das taxas de juros oficiais norte-americanas entre 3,75% a 4,0% no verão.
Depois de um ano de crescimento económico nos EUA surpreendentemente robusto de 2,4% previsto para fim de 2024, muito impulsionado pelo consumo, o JP Morgan espera uma normalização do crescimento em 2025 para 2,1%.
Antecipa uma inflação média de 2,0% em 2025, após os 2,3% do fecho deste ano.
A reeleição de Trump e o controlo do Congresso pelos Republicanos poderá conduzir a alterações de política significativas, com reduções de impostos, aumentos de tarifas, menor imigração e desregulamentação de certos setores.
Prevê uma redução das taxas oficiais para 3,75%, bem acima dos 3,0% previstos pela FED.
A subida do mercado acionista americano em mais de 60% nos últimos 2 anos, elevou as avaliações nalguns setores, deixando-os mais vulneráveis a choques, e sobretudo, provocou o “desbalanceamento” de muitas carteiras de investimento.
Perspetiva que o crescimento de resultados do S&P 500 mantenha uma trajetória de um nível elevado nos próximos anos, dos 0% em 2023, e 9% em 2024, para 15% em 2025 e 23% 2m 2026.
Apesar da valorização de 7% das ações internacionais neste ano, o gap face aos EUA continuou a alargar-se.
Contudo, há bastantes riscos, incluindo uma deceção do crescimento económico chinês, subida das taxas de juros americanas a 10 anos, um dólar forte, tarifas e volatilidade cambial.
As condições que têm proporcionado bons desempenhos dos mercados acionistas do Japão, India e Taiwan nos últimos anos, irão manter-se.
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Goldman Sachs: S&P 500 nos 6.600 pontos, baseado num crescimento económico mundial de 2,7% e em políticas económicas favoráveis às empresas
O Goldman Sachs prevê outro ano de crescimento económico global sólido em 2025, de cerca de 2,7%.
Os EUA devem superar as expectativas, com 2,5%, enquanto a zona do euro ficará atrás, com 0,8%, situação agravada pelas novas tarifas do governo Trump.
A inflação nos países desenvolvidos continuará a tendência descendente, aproximando-se das metas dos bancos centrais, que prosseguirão com a redução das taxas de juro para níveis mais normais.
O Goldman Sachs espera que a Reserva Federal dos EUA reduza a sua taxa diretora para 3,25-3,5% dos atuais 4,5% para 4,75% agora, até ao verão, abrandando a partir daí.
O Banco Central Europeu, deverá baixar a sua taxa diretora para uma taxa terminal de 1,75%.
Considera que também há espaço significativo para flexibilização de políticas em mercados emergentes. Em contrapartida, projeta que o Banco do Japão eleve sua taxa diretora para 0,75% até o final de 2025.
As previsões favorecem os EUA, com crescimento sólido, arrefecimento da inflação e novos cortes de taxas não recessivos, juntamente com uma série de políticas serão positivas para os lucros das empresas.
Apesar do desempenho claramente superior dos EUA, as economias não americanas também terão ainda um crescimento estável, inflação em queda e política monetária favorável.
O aumento das tarifas comerciais de Trump constitui uma ameaça direta às previsões económicas centrais benignas de crescimento sólido e de inflação mais baixa.
Por outro lado, o controlo republicano aumenta os riscos de expansão fiscal, inflação e taxas de juros terminais mais altas.
Os desafios e as perspetivas para o desempenho da China ainda são principalmente domésticos, enquanto o crescimento europeu terá riscos renovados da agenda de Trump.
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Morgan Stanley: S&P 500 nos 6,600 pontos, com crescimento económico de 3,0% nos EUA e crescimento do EPS do S&P 500 de 13%
A Morgan Stanley acredita que uma economia global estável beneficiará os mercados de ações e de obrigações, embora o aumento da incerteza em torno das tarifas dos EUA e da política de imigração possa comprometer os ganhos recentes dos mercados.
A economia global deve crescer 3,0% em 2025, e 2,9% em 2026, abrandando ligeiramente à medida que a incerteza aumenta e as políticas tarifárias e de imigração nos EUA começam a desacelerar a atividade.
A inflação continua a normalizar-se, aliviando uma preocupação fundamental para os decisores de política monetária e investidores, mas o progresso pode abrandar e variar entre países.
O crescimento da Europa pode estar a atingir uma velocidade de cruzeiro de cerca de 1%, mas as perturbações do comércio mundial podem ser um obstáculo.
A China continua a lutar contra a deflação, as tarifas representam um risco para o setor industrial do país, enquanto o consumo e os estímulos podem permanecer insuficientes.
O Japão continua a distanciar-se das suas décadas deflacionárias, com uma tendência de inflação salarial estabelecida e uma inflação de cerca de 2%.
Espera que o múltiplo do PER a 12 meses contraia ligeiramente, de 22.2x para 21.5x, permanecendo a prémio em relação à média de 10 anos, devido ao período de crescimento de lucros acima da média e de política monetária acomodatícia.
Antecipa um crescimento do lucro por ação de 13% em 2025, e outro ganho de 12% em 2026, com a redução das taxas no próximo ano e a melhoria dos indicadores do crescimento económico.
A Morgan Stanley também está otimista em relação às ações japonesas, enquanto a empresa reduziu sua classificação nas ações europeias para neutral em relação aos riscos tarifários e à exposição da região à China.
As tensões comerciais fazem das ações dos mercados emergentes o seu mercado menos preferido.
A empresa espera que as taxas das obrigações do Tesouro norte-americanos a 10 anos, caiam dos 4,30% para 3,50%.
A incerteza política nos EUA continuará a ser um fator em todo o mundo, tendo a desregulamentação como potencialmente positiva, enquanto as tarifas e as restrições à imigração podem perturbar os mercados no final de 2025.
Aceder aqui:
https://www.morganstanley.com/ideas/global-macro-economy-outlook-2025
https://www.morganstanley.com/ideas/global-investment-strategy-outlook-2025
Bank of America: S&P 500 nos 6,666 pontos, com o crescimento da economia americana a superar o das restantes economias desenvolvidas
Considera que as mudanças políticas, incluindo tarifas, política fiscal e ambiente regulatório, devem ter quase tanto impacto no resto do mundo quanto nos EUA.
Estima que o crescimento do PIB dos EUA seja de 2,4% em 2025 e 2,1% em 2026, em parte devido à melhoria da produtividade, mais favorável do que no resto do mundo devido a uma nova combinação de políticas orçamentais.
Prevê que a Reserva Federal reduza as taxas de juro em 25 pontos base nas suas reuniões de março e junho e depois faça uma pausa.
Perspetiva as taxas de juros das obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos em torno de 4-4,5%.
Considera provável que a incerteza sobre a política comercial dos EUA prejudique os mercados emergentes.
Antecipa uma descida de 7% para o Stoxx 600, seguida de uma recuperação próxima dos níveis atuais.
Espera que o crescimento real do PIB da China desacelere para 4,5% em 2025, e que o estímulo à procura interna compense qualquer impacto das tarifas com um desfasamento.
UBS: Preferência pelos EUA, e S&P 500 nos 6,600 pontos no final de 2025, impulsionado por crescimento económico sólido, taxas de juros mais baixas e avanços na IA.
A UBS começa por recordar o contexto dos mercados nos últimos anos, observando que desde o início da década de 2020, os mercados acionistas globais valorizaram-se cerca de 50%, o PIB nominal aumentou mais de 30% e os lucros empresariais dos EUA quase dobraram.
Tudo isso apesar de “lockdowns” globais sem precedentes, da eclosão de guerras na Europa Oriental e no Médio Oriente, e do maior aumento nas taxas de juros e inflação em décadas.
A UBS acredita que o S&P 500 pode chegar a 6.600 pontos até o final de 2025, impulsionado pelo sólido crescimento dos EUA, taxas de juros mais baixas e avanços da IA.
Prevê que o crescimento da China abrande, sendo improvável que as medidas de estímulo orçamental reativas sejam suficientes para compensar totalmente o impacto das tarifas comerciais e dos desafios estruturais.
Espera que a Índia continue a apresentar um crescimento mais robusto.
Na Europa, vê um crescimento desigual e moderado, mas que deverá melhorar, devido ao crescimento dos salários e a descida das taxas de juro.
Antecipa uma diminuição dos retornos do investimento no mercado monetário decorrente dos novos cortes nas taxas do banco central. Perspetiva rendimentos atraentes e potencial para ganhos de capital nos títulos de grau de investimento, com retornos totais esperados de 5% em dólares americanos.
Continua a perspetivar oportunidades de inovação transformacional através da inteligência artificial, energia e recursos.
Aceder aqui: https://www.ubs.com/global/en/media/display-page-ndp/en-20241121-year-ahead-2025.html
Grande sintonia nas perspetivas de crescimento económico global e regional, na preferência para o investimento no mercado acionista americano, assim como nas previsões para o desempenho positivo do S&P 500 e da descida das taxas oficiais pela FED
As conclusões comuns às várias perspetivas dos bancos são:
Manutenção do crescimento económico mundial e em todas as economias, avançadas e emergentes, para bons níveis nos EUA, mais baixos, mas em subida na Europa, e inferiores à média na China e América Latina.
Descida continuada da inflação nas economias avançadas em direção ao objetivo de 2%, atingível em 2025 nos EUA e Europa.
As taxas de juro das obrigações do tesouro a 10 anos nos EUA continuarão a descer e deverão ficar abaixo dos 4% no final de 2025, com cortes de taxas de juros pela FED na primeira metade do ano.
O dólar deverá manter-se forte.
O tema económico dominante será o impacto das políticas económicas de Trump, com o controlo do Congresso, nos EUA e no resto do mundo, em particular na Europa e na China.
Todos os bancos estão positivos relativamente ao investimento em ações, em obrigações do tesouro e em cash nas economias desenvolvidas, que beneficiarão do crescimento económico, descida da inflação e das taxas de juros, assim como do crescimento dos resultados das empresas e aumento da produtividade.
Conclusões e recomendações: carteiras de investimento balanceadas entre ações e obrigações; ações de empresas de grande qualidade; obrigações de grau de investimento; mercados acionistas sobretudo EUA, complementado por Japão e India
Estas previsões recomendam que os investidores mantenham carteiras equilibradas, combinando investimentos com ações de empresas de qualidade e sólidas com investimentos em obrigações “investment grade”.
Considerando estas previsões, as recomendações são as seguintes:
Manutenção das alocações dos investimentos nos planos de pensões.
Manutenção de uma exposição moderada a obrigações do tesouro americanas e europeias de longo prazo do que a média, respetivamente para investidores dos EUA e da Europa, beneficiando da descida das taxas de juros.
Preferência pelos investimentos em ações norte-americanas e japonesas, combinando investimentos generalizados nos principais índices com a seleção de fundos de investimento temáticos e de títulos individuais associados às transformações económicas em curso.