As mulheres querem investir mais
Os principais desafios das mulheres relativamente aos investimentos
A necessidade de aconselhamento financeiro especializado
A importância da literacia financeira sobre investimentos para as mulheres
As mulheres também pretendem menos custos e melhor comunicação nos investimentos
Na série “Como investem” abordamos as caraterísticas das principais classes de investidores particulares e institucionais, que consideramos úteis para guiar os investimentos da generalidade dos investidores individuais.
Relativamente aos investidores individuais apresentamos as caraterizações e as diferenças dos investidores de várias regiões ou países, dos diversos escalões de riqueza, e sobretudo das diversas gerações e das mulheres.
No artigo inicial desta série sobre o investimento das mulheres vimos que as mulheres já controlam 1/3 da riqueza financeira nestes países, que nos próximos 10 anos poderão superar os 50%, e que investem cada vez mais, mas ainda menos que os homens (“gap” de investimento).
No segundo artigo mostrámos que as mulheres têm resultados iguais ou até melhores do que os homens, mas com diferenças significas no modo e estilo de gestão dos investimentos.
No terceiro desenvolvemos os 5 gaps de investimento das mulheres, compreendendo os “gaps” salarial, da riqueza, das necessidades de reforma, do investimento de retalho e do investimento institucional.
Neste artigo iremos abordar o que as mulheres precisam para investirem mais, e realizarem um dos objetivos de gestão de finanças
As mulheres querem investir mais
Os estudos mostram que as mulheres querem investir mais.
O inquériro “2021 Women and Investing Study”, da Fidelity, concluiu que 9 em cada 10 mulheres norte-americanas planeiam tomar decisões para aumentar o investimento nos próximos 12 meses:
Essas decisões incluem aumentar o conhecimento sobre o planeamento financeiro e os investimentos, criar um plano, contratar um consultor e aumentar a percentagem de investimento das suas poupanças.
Os principais desafios das mulheres relativamente aos investimentos
Contudo, as mulheres consideram que há desafios a ultrapassar.
O estudo “The Pathway to Inclusive Investment: How Increasing Women’s Participation Can Change the World”, feito pelo BNY Mellon, baseado num inquérito feito a 16,000 mulheres e homens em 16 países, concluiu que existem três barreiras fundamentais para níveis mais elevados de participação feminina no investimento:
– A crise do comprometimento. Globalmente, apenas 28% das mulheres sentem-se confiantes em investir parte do seu dinheiro.
– A fasquia do capital: Em média e a nível global, as mulheres pensam que precisam de 4.092 dólares de rendimento disponível por mês (ou, quase 50 mil dólares por ano) para começarem a investir parte do seu dinheiro.
– O mito de alto risco: Quase metade das mulheres (45%) diz que investir no mercado acionista, quer diretamente quer num fundo, é demasiado arriscado.
9% das mulheres referem que têm um elevado ou muito elevado nível de tolerância ao risco quando se trata de investir, 49% têm uma tolerância de risco moderada, e 42% têm baixa tolerância ao risco.
De acordo com o estudo “Women and Investing Survey 2021, do JP Morgan, as mulheres europeias entendem que fazer investimentos é muito mais difícil do que as poupanças:
As mulheres entendem que o investimento é um compromisso mais exigente e de longo prazo. Por seu lado, veem as poupanças como uma decisão mais fácil, dada a sua acessibilidade e flexibilidade.
No mesmo estudo referem que o investimento tem bastantes desafios:
Consideram que para investir é necessário fazer um acompanhamento permanente e que não é difícil saberem qual o seu desempenho. Além disso, consideram que o investimento é complicado e que é como um jogo, sobretudo as mulheres que não investem.
O estudo da N26 concluiu também que as mulheres europeias que investem consideram ter alguns desafios importantes:
Os principais desafios são, para além da falta de dinheiro, a aversão ao risco, a falta de tempo, a incerteza quanto à estabilidade a longo prazo e a falta de conhecimentos suficientes.
Relativamente às mulheres que não investem, também há desafios do investimento, mas são um pouco diferentes:
A falta de dinheiro ganha, naturalmente, ainda mais importância, assim como a falta de conhecimentos e a incerteza quanto ao futuro.
A necessidade de aconselhamento financeiro especializado
As mulheres afluentes norte-americanas utilizam mais os consultores financeiros especializados do que os homens, de acordo com o estudo “Women as the next wave of growth in US wealth management”, da McKinsey, publicado em julho de 2020:
Este estudo concluiu também que as mulheres estão mais dispostas a pagar a comissão dos consultores financeiros presenciais, o qual pode custar 1% ou mais, comparativamente com os 0,1% dos serviços digitais.
Relativamente às mulheres europeias, segundo o estudo “Wake up and see the women: Wealth management’s underserved segment”, também da McKinsey, publicado em junho de 2022, mais de um terço investem através de um consultor bancário, em comparação com um quarto dos homens, menos de uma em cada cinco através de um consultor independente e uma em cada dez através do seu prestador de seguros:
As duas principais razões dadas para usar um consultor profissional – para proporcionar tranquilidade e solucionar a falta de conhecimento – são simultaneamente mais elevadas para as mulheres e refletem os seus níveis mais baixos de confiança.
A importância da literacia financeira sobre investimentos para as mulheres
Para além do papel que os consultores profissionais podem desempenhar no planeamento financeiro, o inquérito do JP Morgan, realizado na Europa, identificou quatro áreas onde a falta de conhecimento pode afastar as mulheres do investimento e onde seriam bem-vindas as seguintes iniciativas:
As mulheres europeias afluentes valorizam a existência de um guia de investimento simples, de uma linguagem de investimentos fácil e acessível, do conselho do que e quando comprar e do acompanhamento regular dos investimentos.
O guia de investimentos é especialmente valorizado no Reino Unido e na Finlândia, enquanto a linguagem mais fácil e acessível é mais pretendida em Portugal, Espanha e Itália, e o conselho sobre em que e quando investir são mais procurados na Suíça e no Reino Unido.
Segundo a N26, menos de metade (48%) das mulheres europeias consideram que têm conhecimentos suficientes para investir, o que compara com 59% dos homens:
As mulheres italianas são os investidores mais confiantes com 55%, enquanto apenas 30% das mulheres espanholas dizem ter conhecimentos de investimento.
As mulheres que não investem também indicam que a falta de conhecimento é um bloqueador, classificando-a como a segunda razão mais comum para não investirem.
As causas possíveis causas incluem a falta de acesso aos recursos educativos e a sub-representação na comunidade de investimento em geral.
As mulheres também pretendem menos custos e melhor comunicação nos investimentos
De acordo com o estudo do JP Morgan, as mulheres europeias pretendem comissões mais baixas e uma comunicação mais clara sobre os produtos:
Estes dois aspetos são particularmente importantes em Portugal e Espanha.