Para sermos bem-sucedidos nos investimentos é importante fazermos investimentos diversificados ajustados ao prazo de investimento e ao nosso perfil de investidor
A importância de estarmos certos do nosso perfil de investidor: mantermos o rumo e a perspectiva dos investimentos a longo prazo face às flutuações do mercado no curto prazo
O que está em causa na avaliação do nosso perfil de investidor?
As rendibilidades e os riscos históricos de carteiras-modelo associadas a diferentes perfis de investidores
Para sermos bem-sucedidos nos investimentos é importante fazermos investimentos diversificados ajustados ao prazo de investimento e ao nosso perfil de investidor
Num post anterior vimos que para sermos bem-sucedidos nos nossos investimentos, a alocação de ativos deve ser a resultante de uma conjugação matricial do prazo de investimentos (número de anos até atingir objetivo e números de anos para usar o capital) e dos vários perfis de risco.
O prazo e perfil de risco – capacidade e tolerância – fazem variar essa alocação central para menos ou mais ações (isto é, menos ou mais risco e menos ou mais rendibilidade esperado) em função das respostas.
Seremos tanto mais conservadores quanto menos prazo tivermos e mais intolerantes ao risco formos e mais arrojados quanto mais prazo dispormos e mais tolerantes ao risco formos.
A importância de estarmos certos do nosso perfil de investidor: mantermos o rumo e a perspectiva dos investimentos a longo prazo face às flutuações do mercado no curto prazo
O gráfico seguinte mostra que apesar dos retornos positivos do S&P 500 em 51 dos últimos 70 anos, em cada ano houve desvalorizações médias de 13,4% que poderiam ter feito muitos investidores desistir desses investimentos, por excesso de preocupação ou ansiedade.
Se tal acontecesse, não teríamos obtido a rendibilidade média anual.
Ou, para termos uma noção mais visível dos valores:
Daí a importância do perfil de investidor. É a razão ou a âncora que nos prende a mantermos o rumo quando enfrentamos flutuações adversas do mercado de curto prazo e a mantermos a perspetiva do investimento a médio e longo prazo.
O que está em causa na avaliação do nosso perfil de investidor?
Para percebermos melhor o que está em causa é necessário ter presentes três vetores fundamentais:
- Alocações de mais rendibilidade correspondem a mais risco;
- O investimento é um processo a médio e longo prazo, e como tal está sujeito a situações de possibilidade de perda de valor dos investimentos, nomeadamente em nos mercados acionistas, como as verificadas historicamente no gráfico acima;
- Para tirarmos proveito dos nossos investimentos, temos de ser capazes de manter o rumo e a disciplina das nossas decisões, evitando os ruídos das flutuações dos mercados no curto prazo.
As rendibilidades e os riscos históricos de carteiras-modelo associadas a diferentes perfis de investidores
Há essencialmente 3 maneiras de sabermos qual o nosso perfil de investidor:
- Alinhamento ou consonância pessoal às rendibilidades e riscos históricos de médio e longo prazo associados a carteiras-modelo com alocações de investimentos associadas a diferentes perfis de investidor;
- Avaliação por resposta a questionários de perfil de investidor;
- Experiência e erro, isto é, que passa por definirmos um perfil inicial com que nos identificamos e fazermos ajustamentos ao mesmo em função dos nossos comportamentos e reações às evoluções dos nossos investimentos e dos mercados.
Neste post iremos tratar unicamente do primeiro caso.
O questionário de perfil será abordado num outro post. O terceiro modo é uma situação ex-post, de natureza prática, que pode e deve conjugar-se com qualquer das anteriores.
Para o fazermos é necessário conhecer as rendibilidades e riscos históricos de carteiras-modelo, com algum detalhe.
O gráfico seguinte mostra as rendibilidades e os riscos de carteiras-modelo correspondentes a diferentes perfis usados por uma das empresas de referência mundiais em termos de gestão de patrimónios e de fundos de investimento.
Fonte:How to start investing, Fidelity, 04/04/2018
A Fidelity modeliza 7 tipos de carteiras-modelo de investimento: Conservadora; Moderada; Moderada com Rendimento; Equilibrada; Crescimento com Rendimento; Crescimento; Crescimento Agressivo.
Note-se que estas carteiras poderiam passar facilmente de 7 para 5 carteiras-modelo se excluirmos as variações com rendimento, cuja finalidade única é aumentar o rendimento por via dos juros periódicos associado a uma maior a alocação ao investimento em obrigações.
Estas carteiras contêm alocações em 3 ativos norte-americanos: ações (S&P 500), obrigações (obrigações do tesouro a 10 anos) e curto prazo (bilhetes do tesouro a 3 meses).
Os valores apresentados respeitam aos dados observados no período de 1926 a 2017 e mostram as rendibilidades anuais (melhor, pior e média) e a melhor e pior rendibilidade de períodos de investimento de 30 anos.
As alocações variam entre 20% em ações na carteira conservadora até 85% em ações na carteira mais agressiva.
As conclusões são as seguintes:
- As rendibilidades anuais médias das carteiras variaram entre 5,96% na Conservadora e 9,65% na Crescimento Agressivo;
- As rendibilidades anuais das carteiras variaram entre os valores máximos e mínimos apresentados. A título de exemplo, na carteira Equilibrada, a maior rendibilidade anual foi de +76,57% e a pior foi de -40,64%;
- São também apresentados os valores máximos e mínimos das rendibilidades médias anuais das carteiras para períodos de investimento de 30 anos. Mais uma vez, usando a carteira Equilibrada como exemplo, a maior rendibilidade média anual a 30 anos foi de +11,64% e a pior foi de +5,84%.
A mesma Fidelity tinha apresentado anteriormente carteiras-modelo semelhantes com as seguintes resultados e composições:
Fonte: Fidelity
Há muitas semelhanças com as anteriores, havendo algumas diferenças que são importantes para avaliarmos melhor o que está em causa:
- Os valores referem-se ao período de 1926 a 2015; e há uma outra nuance que é a decomposição do investimento em ações por geografias: Doméstica (S&P 500) e Internacional (MSCI World ex-US);
- Há mais duas carteiras-modelo nos extremos: uma só de Curto Prazo ou ultraconservadora, e outra Muito Agressiva formada exclusivamente por investimentos em ações. Saliente-se que a carteira só com investimentos de curto prazo tem uma rendibilidade média anual de +3,42% que compara com os +5,99% da carteira Conservadora;
- São apresentados os intervalos de rendibilidades médias anuais para um período de 15 anos em lugar dos 30 anos anteriores. Para a carteira Equilibrada, como exemplo, em períodos de 15 anos a rendibilidade anual máxima passa para +14,75% e a mínima para +2,75% (este intervalo de rendibilidades é obviamente maior do que o do período de investimento superior de 30 anos).
Por fim, mais um gráfico similar da Fidelity mas que mostra intervalos de rendibilidades para um período de investimento mais curto, o de 5 anos:
Tomando como exemplo a carteira Equilibrada o intervalo de variação de rendibilidades médias anuais para investimentos em períodos de 5 anos situou-se entre o máximo de +23,14% e um mínimo de -6,18% (mais uma vez e como seria de esperar, o intervalo de rendibilidades aumenta com o estreitamento do período de investimento de 15 para 5 anos).
Visualizar com cuidado cada um destes gráficos é uma forma muito útil para definirmos o nosso perfil de investidor como um todo ou para um objetivo financeiro específico.