Os fundos de investimento disponíveis para o investidor
A moeda de denominação do fundo de investimento
Os investimentos em ações devem ser feitos na moeda das empresas investidas ou do país de destino
Os investimentos em obrigações devem ser feitos na moeda do investidor ou do país de origem
O estudo da Vanguard sobre a exposição cambial nos investimentos em ações e obrigações
Este artigo integra a série sobre fundos de investimento, que consideramos o investimento “core” dos investidores pelas suas caraterísticas e vantagens.
No primeiro artigo desta série descrevemos o que são estes fundos e as suas principais vantagens e benefícios.
No segundo apresentámos os seus principais tipos ou categorias e mostrámos a importância da política de investimentos.
Seguidamente, vimos as rendibilidades e os custos dos fundos de investimento.
Mas há outros dois fatores fundamentais na escolha dos fundos.
Primeiro, a questão prática do acesso ou da disponibilidade do fundo para o investidor, ou seja, a possibilidade de investir no fundo.
Segundo, a questão técnica da moeda de denominação do fundo, na medida em que, como veremos, esta é importante para a escolha dos fundos mais adequados para o investidor.
Os fundos de investimento disponíveis para o investidor
Cada fundo de investimento é comercializado e oferecido num determinado país ou conjunto de países, mediante autorização das respetivas autoridades supervisoras.
É na ficha técnica e no prospeto do fundo que podemos encontrar as condições de comercialização dos fundos, incluindo, designadamente, os países em que são distribuídos e comercializados.
Nestes termos, ao investidor importa saber, antes do mais, os fundos de investimentos que são elegíveis para o seu investimento.
Esta é uma restrição importante. Ao investidor, só vale a pena considerar os fundos a que ele pode ter acesso. Os fundos que estão regulamentados e aprovados no seu país. Todos os demais não interessam pois não são alcançáveis.
No link seguinte temos um exemplo da ficha técnica de um fundo de investimento em ações sobre o índice S&P 500 em que se referem os países de registo:
https://www.ssga.com/library-content/products/factsheets/etfs/emea/factsheet-emea-en_gb-spy5-gy.pdf
A moeda de denominação do fundo de investimento
A moeda do fundo de investimento deve ser objeto de consideração pelo investidor.
Os fundos de investimento são denominados em cada uma das principais moedas, dólares, libras, euros, ienes, etc.
Além disso, nalguns casos, a carteira de investimento que compõe o fundo, pode ser objeto de cobertura do risco cambial (ou “currency hedging”).
Como sabemos, ao investidor interessa a diversificação internacional, na medida em que esta permite reduzir o risco da carteira de investimento através da correlação entre os ativos em causa.
Contudo, essa diversificação internacional traz também consigo o risco de exposição cambial.
Nestes termos, levanta-se a questão de se saber como deve o investidor decidir e escolher relativamente à moeda de denominação dos fundos.
Há diversos estudos que analisam como devemos encarar o risco cambial nos investimentos.
A conclusão é que o investimento em ações deve ser feito na moeda do investimento enquanto o de obrigações deve ser feito na moeda do investidor.
Os investimentos em ações devem ser feitos na moeda das empresas investidas ou do país de destino
Por exemplo, se o investimento for num fundo de ações norte-americanas o investimento deve ser em dólares, se for num fundo de ações da Zona Euro o investimento deve ser feito em euros, e assim sucessivamente.
E nos casos de investimento em fundos de ações de um conjunto de geografias diferentes?
Se o investimento for feito num fundo de ações mundiais o investimento deve ser feito em dólares, uma vez que o mercado de ações norte-americano tem um peso de cerca de 60% no mercado mundial.
Se o investimento for feito no conjunto dos mercados emergentes o investimento também deve ser feiro em dólares na medida em que é sendo a moeda de referência a nível mundial, a maioria destes países tem a sua moeda associada ao dólar.
Os investimentos em obrigações devem ser feitos na moeda do investidor ou do país de origem
Os investimentos em fundos de obrigações devem ser feitos em títulos da moeda do investidor ou com cobertura cambial.
Por exemplo, se o investidor for norte-americano o investimento deve ser em fundos de obrigações de empresas norte-americanas em dólares, se o investidor for da Zona Euro o investimento deve ser em empresas da Zona Euro em euros, e assim sucessivamente.
Pode ser interessante investir em obrigações de outros países, dando à carteira uma exposição a diferentes ciclos económicos, com as suas taxas de juros e de inflação.
Quando as taxas de juro estão a subir num mercado podem estar estáveis ou a cair noutro. O efeito conjunto pode diluir os movimentos de taxas de juro, permitindo um perfil de retornos mais estável.
Acresce que o investimento em obrigações de outros países também pode ser interessante para se ter exposição a um risco de crédito mais baixo do que os do mercado doméstico do investidor.
Nestas situações, se o investidor quiser diversificar os investimentos por outros geografias investindo em obrigações de empresas de outros países ou regiões, deve fazê-lo através de fundos de obrigações que estejam denominados na sua moeda ou estejam com a respetiva cobertura cambial.
A razão desta opção é de que a estabilidade é uma das principais vantagens das obrigações para uma carteira de investimentos diversificada, devendo, por isso, evitar-se a volatilidade da exposição ao risco cambial dos investimentos.
Desta forma, estes investimentos devem ser feitos na moeda e/ou com cobertura cambial para a moeda do investidor.
O estudo da Vanguard sobre a exposição cambial nos investimentos em ações e obrigações
Um dos melhores estudos sobre esta matéria da cobertura ou não da exposição cambial nos investimentos em obrigações e em ações foi realizado pela Vanguard em 2019.
Concluiu que a moeda representa mais de dois terços da volatilidade dos investimentos em obrigações:
Concluiu também que a moeda não tem um grande impacto na volatilidade dos investimentos em ações:
O estudo da Vanguard pode aceder-se no link seguinte: