O que são as 3 principais classes de ativos financeiros: Ações, Obrigações e Numerário (ou disponibilidades monetárias)
As rendibilidades médias anualizadas e a valorização monetária destes ativos nos EUA (em termos nominais)
As rendibilidades médias anualizadas e a valorização real destes ativos nos EUA (corrigida da inflação e dos impostos)
As rendibilidades médias das 3 principais classes de ativos a nível mundial
As rendibilidades médias desses ativos por horizontes de investimento ou por prazos (“rolling returns”)
O que são as 3 principais classes de ativos: Ações, Obrigações e Numerário (ou disponibilidades monetárias)
Há três classes de ativos financeiros principais: Numerário ou Cash, Obrigações e Ações.
Estas classes traduzem-se e são representadas por múltiplos instrumentos e investimentos financeiros.
Vamos vê-las como instrumentos simples (e.g. ações de grandes empresas, obrigações do tesouro a 10 anos, ou bilhetes do tesouro a 3 meses) ou grupos de instrumentos (e.g. índices de mercados de ações ou de obrigações)
Estas classes diferenciam-se pela sua rendibilidade e risco: é óbvio que quanto maior a rendibilidade, maior o risco.
As rendibilidades médias anualizadas e a valorização monetária destes ativos nos EUA (em termos nominais)
O gráfico mostra o comportamento das 3 classes de ativos entre 1926 e 2016 em termos monetários ou nominais.
As ações de empresas com pequenas/médias e grandes capitalizações tiveram rendibilidades anuais nominais médias de 12,1% e 10,0%, fazendo com que um investimento de $1 em 1926 valesse cerca de $33,212 e $6,035, em 2016, respetivamente.
As obrigações do tesouro a 10 anos e os bilhetes do tesouro a 3 meses tiveram rendibilidades anuais nominais médios de 5,5% e 3,4%, respetivamente, fazendo com que um investimento de $1 em 1926 valesse $134 e $21 em 2016, respetivamente.
O numerário (ou “cash”) teve uma rendibilidade de 0% e a inflação média anual no período foi de 2,9%. Assim, $1 de 1926 é compra o mesmo que $13 hoje, ou seja, aquele dólar vale hoje só 7,7 cêntimos.
As rendibilidades médias anualizadas e a valorização real destes ativos nos EUA (corrigidas da inflação e impostos)
O gráfico mostra o comportamento das 3 classes de ativos entre 1926 e 2015, em termos reais ou de poder de compra efetivo, corrigido quer dos efeitos da inflação quer dos impostos.
As ações das grandes empresas tiveram rendibilidades reais médias anuais de 6.7%, fazendo que um investimento de $1 em 1926 valesse $5,317 em 2015. Se descontarmos também os impostos, a rendibilidade anual efetiva seria de 5,1% por ano, e o capital atual seria de $80.
As obrigações do tesouro a 10 anos tiveram rendibilidades reais anuais médias de 3,6%, fazendo que um investimento de $1 em 1926 valesse hoje cerca de $135.
Se descontarmos ainda os impostos, a rendibilidade efetiva seria de 0,6% por ano e o capital atual seria de $2, ou seja, somente o dobro do investido 90 anos antes. Parece e é muito pouco ter de esperar 3 gerações de investimento para duplicar o valor!
Embora não haja dados para o numerário neste gráfico, podemos concluir que é um mau ou nem sequer é investimento: associada à definição de investimento está o propósito de gerar valor, o que não é o caso.
Fonte: Morningstar, The Big, Bad Bite of Taxes and Inflation, 2016
Em conclusão:
1) As ações proporcionam uma forte valorização a longo prazo, isto é, 80 vezes em termos de poder de compra efetivo em 90 anos;
2) Há uma diferença abissal entre a rendibilidade efetiva das ações e das obrigações como se mostra pela valorização 40 vezes superior das primeiras ($80 versus apenas $2) e o valor irrisório das segundas;
3) Termos de esperar 90 anos para duplicarmos o valor do capital investido em obrigações é o preço pago pelo conservadorismo;
4) Repita-se que o numerário é ou um mau investimento ou nem sequer é investimento (é um ativo de refúgio e para as poupanças da vida imediata;
5) Pode ver-se que, muito embora a evolução dos desempenhos de qualquer destes ativos não seja linear ou constante, há uma linha de tendência clara para ambos, o que significa que estas conclusões são aplicáveis em períodos de investimento mais curtos.
As rendibilidades das 3 principais classes de ativos além dos EUA
Contrariamente ao que se pode pensar, estes desempenhos de rendibilidades reais dos ativos absolutos e relativos não são específicos dos EUA mas verificam-se na maioria das geografias.
As ações são sempre superiores a obrigações e estas aos bilhetes do tesouro.
Países que viveram a praga das grandes guerras e os consequentes períodos de hiperinflação tiveram obviamente menores rendibilidades em todas as classes, tendo inclusive rendibilidades negativos em obrigações e bilhetes do tesouro.
Fonte: Triumph of the Optimists: 101 Years of Global Investment Returns, Elroy Dimson, Paul Marsh, & Mike Staunton, Princeton University Press
https://www.credit-suisse.com/about-us/en/reports-research/studies-publications.html
https://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/New_Home_Page/datafile/histretSP.html
As rendibilidades desses ativos por prazos ou horizontes de investimento ou as rendibilidades móveis por períodos (“rolling returns”)
Para se perceberem e compararem melhor as rendibilidades dos investimentos em classes de ativos, tais como ações e obrigações, ainda mais importante do que as rendibilidades acumuladas ou médias anuais num dado período, são as rendibilidades obtidas por prazos de investimento, uma vez que aplicamos poupanças por horizontes temporais. Esta medida é-nos dada pelos “rolling-returns”, ou as rendibilidades em média móvel.
Desde 1936 até 2014 (quase 80 anos), as rendibilidades do investimento por períodos de 10 anos em obrigações do tesouro americano a 10 anos variaram entre 0% e 15% ao ano, com uma média de cerca de 5% ao ano. Destacam-se claramente dois períodos: 1) de 1936 a 1982 com rendibilidades baixas, entre 0% e 5%; 2) de 1983 até 2014 com rendibilidades elevadas, entre 5% e 15%, um ciclo muito positivo que se associa à estabilidade política mundial, ao fim do padrão-ouro e ao crescente papel das políticas governamentais e que vem mostrando nos últimos anos uma clara tendência de descida para as rendibilidades do passado.
No mesmo perído, as rendibilidades do investimento por períodos de 10 anos em ações das maiores empresas americanas variaram entre -5% e 20% ao ano, com uma média de cerca de 10% ao ano.
Vê-se claramente um padrão de ciclos muito longos de rendibilidades, estimado em “ondas” de cerca de 30 a 40 anos. Só houve dois períodos pontuais de rendibilidades negativas, os de 1938 a 1943 e de 2008 a 2010, associados às grandes guerras mundias e às duas grandes crises financeiras mundiais, respetivamente.
Uma forma ainda melhor de vermos os desempenhos comparados dos ativos em termos de rendibilidades móveis é dada pela diferença entre ambos.
De 1900 até 2014, as rendibilidades por períodos de 10 anos das ações bateram sempre as das obrigações do tesouro e nalguns períodos por muitos pontos percentuais, exceto nas eras da Grande Depressão dos anos 30 e da bolha tecnológica e Grande Crise Financeira global do novo milénio.
Por último, as rendibilidades das ações foram superiores às das obrigações em 63% dos anos, e em 71%, 83%, 93% e 99% dos períodos de 5, 10, 20 e 30 anos, respetivamente (para os bilhetes do tesouro estas % são ainda maiores).