O principal inimigo do investidor é ele próprio
Os investidores individuais têm rendibilidades muitíssimo inferiores às dos mercados financeiros, em todos os ativos e prazos
Estes maus resultados surgem porque deixamos que as nossas emoções nos dominem e se sobreponham à nossa razão
É fundamental sermos pacientes, racionais, sabermos manter o rumo e a evitar o excesso de ruído dos mercados
As melhores regras de investir bem e de forma simples podem ser resumidas nas citações das maiores personalidades do mundo dos investimentos financeiros
O principal inimigo do investidor é ele próprio
Benjamin Graham, o mentor de Warren Buffet, disse que “o maior problema do investidor e o seu principal inimigo” é provavelmente ele próprio.
No fundo, a forma como os nossos investimentos se comportam é muito menos importante do que a forma como nós nos comportamos.
O autocontrolo é uma das principais qualidades humanas e competências sociais. Ser paciente, perseverante e saber esperar pela gratificação é outra.
Sabemos por experiência própria que ser impulsivo e intempestivo tem um custo e paga-se caro.
A experiência dos “marshmallow”, uma série de estudos realizados a crianças, no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, sobre a importância das recompensas postergadas ou retardadas, que avalia a influência da capacidade de autocontrolo na determinação do êxito na vida, em termos de desempenho escolar, massa corporal e outros indicadores, é bem aplicável ao sucesso dos adultos relativamente a investimentos.
O autocontrolo, as regras e a disciplina aplicam-se também e muito em finanças pessoais e investimentos.
Os investidores individuais têm rendibilidades muitíssimo inferiores às dos mercados financeiros, em todos os ativos e prazos
Os estudos comprovam que os investidores individuais, em média, têm rendibilidades anuais muitíssimo inferiores às dos mercados financeiros.
Fonte: Quantitative Analysis of Investor Behaviour, 2018, Dalbar
Esta tabela mostra que as rendibilidades anuais obtidas por investidores individuais são, em muitos casos, bastante inferiores às rendibilidades proporcionadas pelos mercados de ações e obrigações, para investimentos a curto, médio, longo e muito longo prazo!
E isto é válido quer para investimentos em ações quer em obrigações e as diferenças são maiores nos prazos mais longos, acima de 5 anos. Nos investimentos em obrigações o investidor nem sequer bate a inflação e nos de ações fá-lo por pouco.
Estes maus resultados surgem porque deixamos que as nossas emoções nos dominem e se sobreponham à nossa razão
As principais causas para este desempenho tão fraco dos investidores em geral são por si controláveis, o que torna esta questão ainda mais grave.
Há vários estudos que avaliam os fatores que explicam os maus resultados dos investidores individuais. Um dos mais referenciados o que chegou aos seguintes resultados:
Conclui-se que:
- Os fatores não controláveis pelo investidor, tais como falta de capital para investir (atrasos no investimento) ou necessidade de mobilizar fundos por causas planeadas ou inesperadas (antes do período considerado), representam só 1/3 do défice de valorização;
- Os custos com os fundos de investimento escolhidos, incluindo as comissões de gestão, representam mais de 20% daquele défice;
- O principal fator para o mau desempenho resulta de comportamentos voluntários do investidor, dos erros ou desvios de atitude comportamental, os que representam quase 50% do défice de valorização, e incluem as vendas em situações de pânico, as compras em excessiva euforia, e no fundo, a tentativas de acertar nos momentos do mercado.
https://www.streamfinancial.com.au/wp-content/uploads/2020/05/real-investment-advice.pdf
https://wealthwatchadvisors.com/wp-content/uploads/2020/03/QAIB_PremiumEdition2020_WWA.pdf
É fundamental sermos pacientes, racionais, sabermos manter o rumo e a evitar o excesso de ruído dos mercados
São inúmeros os estudos de economia comportamental que mostram que em muitas situações não somos racionais e deixamo-nos levar pelas nossas emoções.
Hoje sabemos que estamos sujeitos a cometer erros derivados de enviesamentos comportamentais e que são muito difíceis de combater. Só conseguimos com compreensão, racionalização, regras e disciplina.
Os maiores enviesamentos comportamentais que causam os maiores erros na gestão de investimentos pessoais estão bastante estudados. Incluem a má interpretação da aversão ao risco, estreita contextualização das decisões, avaliação mental sem lógica, diversificação deficiente, ancoragem só para os sucessos, efeito de seguir a manada, fraca avaliação dos arrependimentos, demasiada reação aos media e excesso de otimismo.
Fonte: Quantitative Analysis of Investor Behaviour, 2018, Dalbar
Há um pequeno conjunto de regras para investir bem e de forma simples que podem ser resumidas nalgumas citações das maiores personalidades do mundo dos investimentos financeiros
Diversificar é fundamental, mas não chega. Há um pequeno conjunto de regras comportamentais simples que devemos adotar para termos sucesso nos investimentos:
- Ser paciente e pensar a longo prazo (os investimentos devem estar alinhados com os nossos maiores objetivos financeiros que são distantes);
- Controlar as nossas emoções (não perder a cabeça porque quase sempre nem tudo está tão bom nem tão mau quanto parece);
- Evitar o ruído das previsões de curto prazo (há opiniões para todos os gostos e pretensos gurus à procura de alguns minutos de fama);
- Não tentar escolher os momentos do mercado (porque é impossível);
- Os mercados flutuam e não podemos deixar de manter o rumo (se formos voláteis em momentos de volatilidade temos uma combinação explosiva);
- Uma correção de mercado é uma oportunidade (compramos mais barato).
https://www.amazon.com/Thinking-Fast-Slow-Daniel-Kahneman/dp/0374533555
https://www.amazon.com/Misbehaving-Behavioral-Economics-Richard-Thaler/dp/039335279X