Perspetivas do JP Morgan
Perspetivas da Robeco
Perspetivas da Vanguard
Perspetivas da Charles Schwab
Todos os anos, normalmente em dezembro, os principais bancos e gestores de ativos publicam as suas perspetivas de rendibilidades dos vários ativos para os EUA a médio e longo prazo.
Consideramos que este é um exercício que vale a pena conhecer e acompanhar, mais importante ainda do que as previsões anuais, uma vez que este é o principal mercado mundial e defendemos a importância de desenvolvermos um processo de investimentos a longo prazo.
As rendibilidades anuais projetadas são feitas para horizontes temporais longos, normalmente entre 10 e 15 anos.
Estas perspetivas ajudam-nos a analisar a dinâmica do mercado em mudança e a identificar oportunidades de investimento promissoras, sendo úteis para a orientação da nossa estratégia de alocação ativa de ativos a médio e longo prazos.
Naturalmente que sendo um prazo de previsão tão longo, a margem de erro deste exercício é maior a curto prazo, pois existe o fator de alisamento temporal para a média e muitos fatores exógenos e imprevistos podem surgir neste período.
Isto significa que este exercício não tem em conta a volatilidade dos mercados de curto prazo.
Esta análise é muito dependente das condições de partida, tais como os níveis de crescimento económico, das taxas de juros, das direções da política monetária e orçamental, e dos múltiplos de avaliação dos mercados financeiros.
Em seguida iremos desenvolver um breve resumo das análises feitas por um conjunto de 4 instituições – JP Morgan, Robeco, Vanguard e Charles Schwab.
Recomendamos a leitura de algumas destas publicações pelos investidores, que são publicadas anualmente, como referimos.
Além do interesse das visões e da análise dos principais fundamentos económicos e financeiros, estas publicações também são úteis e interessantes para a aprendizagem da dinâmica dos mercados pelos investidores.
A este respeito destacamos, as publicações da Charles Schwab e da Robeco, por razões diferentes, quase opostas.
O relatório da Charles Schwab é muito didático e explicativo da forma como são construídas estas perspetivas. É fácil de ler e ajuda a compreender os movimentos e as interdependências do funcionamento dos mercados dos vários ativos.
O relatório da Robeco é muito profundo e detalhado, sendo um nível mais avançado de abordagem ao mesmo tema.
Perspetivas do JP Morgan
O JP Morgan começa por referir que vivemos numa altura de transição económica significativa.
Estamos a passar de um mundo de desinflação, política monetária ultra fácil e moderação orçamental para um mundo com risco de inflação nos dois sentidos, política monetária convencional e maior utilização das ferramentas orçamentais.
As estimativas das rendibilidades dos principais ativos em dólares são as seguintes:
As estimativas são de rendibilidades anuais de 8% a 10% para as ações, dependendo das geografias, de 4% para a dívida do tesouro americano, de 5% para a dívida empresarial de rating de investimento, e de ligeiramente acima de 6% para a dívida high-yield.
O portefólio tradicional 60/40 em dólares resulta numa rendibilidade anual de 7%.
As altas taxas de juros diretoras prevalecentes apoiam as previsões para o rendimento fixo, subindo as rendibilidades dos investimentos em disponibilidades monetárias e instrumentos de liquidez 0,40% para 2,9% em dólares.
As previsões relativamente às obrigações subiram também 0,40% para 5,1%.
A diferença entre os retornos das ações dos mercados desenvolvidos e dos mercados emergentes diminui este ano, enquanto as perspetivas para os mercados desenvolvidos ex-EUA continuam atrativas.
As previsões em quase 80% do universo de cobertura situam-se acima dos retornos realizados dos últimos 10 anos.
O JP Morgan observa ainda que, relativamente ao passado, existe uma ligeira desvantagem para as ações, decorrente do ciclo de crescimento das margens, e ao mesmo tempo, um ligeiro benefício para as obrigações, derivado do ponto de partida das taxas de rendibilidades implícitas.
Estas estimativas baseiam-se num quadro macroeconómico cuja previsão de crescimento mundial sobe ligeiramente para 2,4% face ao ano anterior.
As previsões de inflação dos mercados desenvolvidos sobem 0,10% para 2,3%, refletindo o regresso da inflação na Europa e no Japão e os níveis de inflação mais elevados prevalecentes nos EUA.
O link para o relatório é o seguinte:
Perspetivas da Robeco
A publicação ‘Triple Power Play’ da Robeco para 2014-2028 faz previsões para os mercados nos próximos 5 anos:
As previsões resultam em rendibilidades anuais de 7% e 7.5% para as ações dos mercados desenvolvidos e emergentes, respetivamente, de 4.0% e 4.5% para as obrigações soberanas dos EUA e Europa, de 5% para as obrigações das empresas de rating de investimento, e de 6% para as obrigações high-yield.
As disponibilidades monetárias deverão proporcionar rendibilidades de 3.5%, ligeiramente acima da taxa de inflação estimada de 3.0%.
A Robeco antevê que existem três forças separadas, mas sobrepostas, nesse período.
Em primeiro lugar, as políticas orçamentais do governo, as quais representam um desafio para os bancos centrais, alterando o equilíbrio entre a inflação e o crescimento económico.
Em segundo lugar, o domínio do capital como fator de produção está a ser desafiado pelo trabalho, impulsionado pela realocação e as preocupações climáticas.
E, finalmente, vive-se um confronto geopolítico entre os EUA e a China sobre a supremacia tecnológica, que está a remodelar a economia, as alianças e as políticas comerciais globais.
Nos mercados financeiros, estamos a deslocar-nos de um mundo com baixas taxas isentas de risco e elevados prémios de risco esperados para um mundo com taxas isentas de risco mais elevadas, mas prémios de risco esperados mais baixos.
A Robeco refere também que a volatilidade será maior neste contexto de taxas de juros mais elevadas do que no passado, que beneficiava a estabilidade.
Esta realidade aumenta o valor da diversificação na alocação de ativos entre ações e obrigações.
O relatório pode aceder-se no seguinte link:
Perspetivas da Vanguard
A Vanguard publica previsões de rendibilidade e de volatilidade nominais por um período de 10 anos.
A sua previsão para os mercados acionistas é a seguinte:
As rendibilidades anuais projetadas para as ações norte-americanas de 3.7% a 5.7% são inferiores à média histórica. Esta situação é ainda mais acentuada no caso das ações de crescimento, e deve-se ao facto das avaliações estarem a um nível mais alto do que a média.
Relativamente às ações dos mercados desenvolvidos ex-EUA e emergentes as rendibilidades anuais previstas são entre 6.9% e 8.9%.
A previsão da Vanguard para o mercado obrigacionista é a seguinte:
Prevê rendibilidades anuais de 3.9% a 4.9% para as obrigações norte-americanas de rating de investimento, sendo de 3.6% a 4.6% para a dívida do tesouro e de 4.4% a 5.4% para as obrigações empresariais.
Estima rendibilidades de 5.2% a 6.2% ao ano para as obrigações high-yield.
E de 3.9% a 4.4% para as disponibilidades monetárias ou aplicações de liquidez, com uma inflação de 1.9% a 2.9%.
Estas rendibilidades devem-se sobretudo ao facto de as taxas de juros sem risco atuais estarem a níveis altos em termos históricos.
O link para o artigo completo é o seguinte:
https://advisors.vanguard.com/insights/article/series/market-perspectives
Perspetivas da Charles Schwab
As previsões da Charles Schwab são igualmente de taxas nominais anualizadas para um período de 10 anos:
Prevê rendibilidades anuais de 6.2 a 6.3% para as ações norte-americanas, de 7.6% para as ações internacionais, de 5.7% para as obrigações de bom rating e de 3.6% para as disponibilidades monetárias.
Todas estas previsões estão abaixo da média de muito longo prazo, verificada entre 1970 e 2023, duma forma mais acentuada para as ações norte-americanas.
No geral, isto deve-se às perspetivas de uma inflação, mais baixa do que a verificada até 2010, e em particular, aos múltiplos de avaliação comparativamente mais altos das ações.
Estas previsões baseiam-se num quadro macroeconómico de crescimento do PIB real dos EUA de 1.7% ao ano, menos robusto do que na década anterior, e de taxas de inflação de 2.3% ao ano.
Esta análise pode aceder-se no seguinte link:
https://www.schwab.com/learn/story/schwabs-long-term-capital-market-expectations