A alocação de ativos por ciclos económicos como uma variante da tática ou dinâmica
A idade é um fator simples de modelação dos objetivos, e até do perfil do investidor, com vista à definição da alocação de ativos
Noutros artigos já tínhamos elaborado alguns aspetos ligados à alocação de ativos.
De facto, apresentámos o desenvolvimento do próprio processo de planeamento financeiro, a definição dos objetivos, a consideração das condicionantes, incluindo a situação e as capacidades financeiras, e o perfil de risco do investidor.
Também já focámos a importância da diversificação das carteiras, diretamente ligada às rendibilidades esperadas, assim como aos riscos esperados dos principais ativos.
Vimos igualmente que a importância da correta alocação de ativos na construção da carteira de investimentos, na medida em que esta determina em grande parte o perfil da rendibilidade e do risco esperados.
Num artigo recente abordámos de uma forma abrangente a alocação de ativos, desde as fases de conceção e desenho do processo de alocação até às 4 principais estratégias usadas pelos investidores.
Agora vamos desenvolver a alocação de ativos por ciclos económicos, uma das principais variantes da alocação de ativos tática ou dinâmica, e seguidamente, a influência do fator idade na definição da alocação de ativos.
A alocação de ativos por ciclos económicos como uma variante da tática ou dinâmica
Vimos que as estratégias dinâmicas e táticas ajustam a alocação das carteiras dos investidores à situação e contexto dos mercados.
O fundamento destas estratégias reside no entendimento de que a rentabilidade e os riscos esperados das diferentes classes de ativos variam ao longo dos ciclos económicos.
Em artigos anteriores já abordámos a influência dos ciclos económicos no comportamento dos vários ativos, nomeadamente da inflação, do crescimento e da política monetária.
O gráfico seguinte mostra o comportamento diferenciado dos principais ativos consoante as várias fases do ciclo de crescimento económico:
Esta atuação pode ser mais precisa quando analisada a duas dimensões, de crescimento económico e inflação:
A idade é um fator simples de modelação dos objetivos, e até do perfil do investidor, com vista à definição da alocação de ativos
A idade do investidor é um fator simples e concreto que ajuda a determinar a alocação de ativos.
A lógica subjacente é que quanto mais novos somos, mais longo será o prazo de investimento, o que significa que mais tempo temos para recuperar das eventuais flutuações adversas do mercado no curto prazo.
Nessa medida, as alocações às ações relativamente às obrigações serão tanto maiores quanto mais jovens somos, dado que a banda e o risco das flutuações de curto prazo em ações são superiores aos das obrigações.
Adicionalmente, quanto mais novos somos, mais comuns são os objetivos e até perfil dos investidores.
O modelo tradicional de alocação por idades era o seguinte:
Uma mnemónica fácil para reter este modelo consiste em tomar a diferença entre 100 e a idade para obter a alocação a ações, sendo o restante para obrigações.
Considerando o aumento da longevidade dos últimos anos, o seguinte modelo mostra-se mais adequado aos tempos atuais:
Esta alocação mantém um peso das ações elevado para todas as idades, sobretudo até à idade da reforma.
Basta recordar as rendibilidades e o tempo de recuperação comparados das ações e das obrigações para concluirmos da maior justeza deste modelo.