O que são as obrigações “high-yield”?
O desempenho dos investimentos em obrigações “high-yield” é semelhante ao das ações
O investimento em obrigações faz sentido numa carteira de investimento diversificada. Mas em que tipo de obrigações?
As obrigações proporcionam preservação do capital investido, estabilidade de rendimento e diversificação relativamente ao investimento em ações, sendo particularmente adequadas para investidores com perfis de risco mais conservadores ou para carteiras de investimento de complementos de reforma.
Temos publicado vários artigos sobre o investimento em obrigações em geral.
Ainda recentemente publicámos dois artigos, o primeiro sobre os benefícios do investimento em obrigações, e o segundo, sobre como devemos alocar o nosso património e investir em obrigações.
No entanto, todos estes artigos têm dado mais enfoque às obrigações de qualidade de investimento (“investment grade”).
Neste artigo, o primeiro de uma série de três publicados sucessivamente, abordaremos o investimento na subclasse de ativos das obrigações “high-yield””.
O que são as obrigações “high-yield”?
As obrigações “high-yield”, também conhecidos como “junk bonds”, são obrigações emitidas por empresas que pagam taxas de juro mais elevadas porque têm notações de crédito mais baixas do que as obrigações com grau de investimento.
Por outras palavras, as obrigações “high-yield” têm maior probabilidade de incumprimento, pelo que pagam um rendimento mais elevado do que as obrigações com grau de investimento para compensar os investidores.
As obrigações de “high-yield” são definidas como as obrigações de empresas com notação inferior a BBB− ou Baa3 por agências de notação de risco estabelecidas, e podem desempenhar um papel importante nalgumas carteiras.
Normalmente, oferecem cupões mais elevados do que as obrigações do Estado ou das obrigações de empresas de elevada qualidade (ou as obrigações das empresas) e têm potencial para valorização dos preços em caso de melhoria da economia ou do desempenho da empresa emitentes (obviamente, se estas condições se agravarem, os preços também podem descer).
Os emitentes de dívida “high-yield” tendem a ser empresas em fase de arranque ou empresas de capital intensivo com elevados rácios de endividamento. No entanto, algumas obrigações “high-yield” são “falling angels”, títulos que perderam as boas classificações de crédito.
O desempenho dos investimentos em obrigações high-yield é semelhante ao das ações
Vale a pena sublinhar que as informações e análises seguintes incidem sobre a subclasse de obrigações de “high-yield” como um todo, através dos seus principais índices de referência, e não numa obrigação específica.
Além disso, não recomendamos que se invista numa obrigação “high-yield” específica, mas antes num cabaz ou conjunto diversificado destas obrigações, dado o risco de incumprimento das mesmas, que veremos adiante.
Nos últimos 40 anos, as obrigações “high-yield” norte-americanas geraram um retorno anualizado de 7% a 8%:
Houve apenas 6 anos de retornos negativos nos últimos 40 anos, que foram imediatamente recuperados nos anos seguintes.
No atual milénio, a valorização dos capitais investidos em obrigações “high-yield” foi equivalente à das ações:
As obrigações “high-yield” globais em dólares apresentam uma realidade semelhante.
Desde 1990 (33 anos), o retorno anualizado das obrigações “high yield” em dólares (dado pelo índice Bloomberg Barclays Global High Yield Total Reurn) foi de 8%, e os retornos móveis anuais a 5 anos foram os seguintes (em comparação com as ações globais):
O gráfico seguinte mostra as perdas máximas potenciais ou “drawdowns” neste período:
Normalmente, as obrigações “high-yield” são consideradas uma subclasse de ativos híbrida porque tendem a exibir caraterísticas das ações e das obrigações.
Contudo, uma análise mais profunda permite concluir que o perfil de retornos das obrigações “high-yield” é mais semelhante ao das ações, com uma rentabilidade e um risco um pouco inferiores, dada a influência do risco de crédito.
Apesar disso, ao contrário das ações, os retornos das obrigações “high-yield” estão mais associados aos cupões do que às valias de capital.