O que é a alocação de ativos e qual a sua importância para os investimentos?
As 4 principais estratégias de alocação de ativos
#1 Alocação estratégica de ativos
#2 Alocação dinâmica de ativos
#3 Alocação tática de ativos
#4 Alocação de ativos “core-satélite”
Compreende desde as fases de conceção e desenho do processo de alocação até às 4 principais estratégias usadas pelos investidores.
Noutros artigos já tínhamos elaborado alguns aspetos ligados à alocação de ativos.
De facto, apresentámos o desenvolvimento do próprio processo de planeamento financeiro, a definição dos objetivos, a consideração das condicionantes, incluindo a situação e as capacidades financeiras, e o perfil de risco do investidor.
Também já focámos a importância da diversificação das carteiras, diretamente ligada às rendibilidades esperadas, assim como aos riscos esperados dos principais ativos.
Vimos igualmente que a importância da correta alocação de ativos na construção da carteira de investimentos, na medida em que esta determina em grande parte o perfil da rendibilidade e do risco esperados.
O que é a alocação de ativos e qual a sua importância para os investimentos?
A alocação de ativos é a implementação de uma estratégia de investimento que ajusta a percentagem de cada ativo financeiro numa carteira de investimentos de acordo com a tolerância ao risco, objetivos e prazo de investimento do investidor, de modo a equilibrar o risco versus o retorno esperado.
A tónica é colocada nas características da carteira global.
Esta estratégia contrasta com uma abordagem que se concentra em ativos individuais.
A alocação de ativos é um fator importante na determinação dos retornos de uma carteira de investimentos.
A principal justificação para a alocação de ativos é a noção de que diferentes classes de ativos oferecem retornos que não estão perfeitamente correlacionados.
Nessa medida, a diversificação reduz o risco global em termos da variabilidade dos retornos para um determinado nível de retorno esperado.
As várias combinações das alocações pelos 2 principais ativos, ações e obrigações, produzem um espetro de rendibilidades históricas verificadas por um período muito longo, que podem ser tomadas como referência para as rendibilidades esperadas de cada combinação:
As rendibilidades médias observadas entre 1926 e 2022 para as várias combinações resultam num intervalo de valores entre 5.1% e 10.2%, respetivamente, para carteiras de 100% obrigações e de 100% ações.
Outra dimensão relevante é a percentagem de anos de rendibilidades positivas e negativas, assim como uma métrica para avaliarmos o tempo de recuperação dos eventos negativos:
Desde 1926, para períodos de 15 anos, as ações proporcionaram sempre rendibilidades positivas. A 5 anos, só 13% dos períodos foram negativos (a maioria na Grande Depressão e os valores são pequenos), enquanto a 1 ano foram 27% dos casos.
As 4 principais estratégias de alocação de ativos
Existem vários modelos ou tipos de estratégias de alocação de ativos baseadas em objetivos de investimento, tolerância ao risco, prazos e diversificação.
Os 4 tipos mais comuns de alocação de ativos são: estratégica, dinâmica, tática e core-satélite.
#1 Alocação estratégica de ativos
O principal objetivo da alocação estratégica de ativos é criar uma combinação de ativos que proporcione o equilíbrio ideal entre o risco e o retorno esperados para um horizonte de investimento de longo prazo.
De um modo geral, as estratégias estratégicas de alocação de ativos são independentes dos ambientes económicos, ou seja, não mudam as suas formas de alocação em relação às mudanças de mercado ou condições económicas.
#2 Alocação dinâmica de ativos
A alocação dinâmica de ativos é semelhante à alocação estratégica de ativos, na medida em que as carteiras são construídas pela combinação de ativos que busca proporcionar o equilíbrio ideal entre o risco e o retorno esperados para um horizonte de investimento de longo prazo.
Tal como as estratégias de alocação estratégica, as estratégias dinâmicas mantêm em grande parte a exposição às suas classes de ativos iniciais.
No entanto, ao contrário das estratégias de alocação estratégicas, as carteiras de alocação dinâmica de ativos ajustam e adaptam as suas formas de alocação ao longo do tempo em relação às mudanças no ambiente económico.
#3 Alocação tática de ativos
A alocação de ativos é uma estratégia na qual um investidor adota uma abordagem mais ativa e que tenta posicionar uma carteira nos ativos, nos setores ou nas ações individuais que mostram o maior potencial para os ganhos esperados.
Embora a combinação inicial de ativos seja formulada de uma forma muito semelhante à alocação de carteira estratégica e dinâmica, as estratégias táticas são frequentemente negociadas de forma mais ativa e são livres para entrar e sair inteiramente das suas principais classes de ativos.
#4 Alocação de ativos “core-satélite”
As estratégias de alocação central (“core”) e satélite contêm geralmente um elemento estratégico “central”, que constitui a parte mais significativa da carteira, ao mesmo tempo que aplicam uma estratégia dinâmica ou tática de “satélite”, e que constitui uma parte mais pequena da carteira.
Desta forma, as estratégias de alocação de core e satélites são um híbrido das estratégias de alocação estratégicas e dinâmicas e das táticas anteriormente referidas.
Na alocação core ou primária fazem parte os investimentos generalistas e mais abrangentes, tais como as ações de grande capitalização nos EUA e mundiais, assim como as obrigações dos governos e de rating de qualidade de investimento.
A alocação satélite ou secundária pode integrar segmentos do mercado como as ações de pequena e média capitalização mundiais, as ações dos mercados emergentes, ações de setores específicos, além de obrigações de rating especulativo ou high-yield dos mercados desenvolvidos, e as obrigações dos mercados emergentes.
Adicionalmente, a alocação satélite integra os investimentos alternativos, como o private equity, os hedge funds, o imobiliário, as matérias-primas, e outros segmentos mais periféricos e de menor liquidez.
No contexto da discussão da escolha entre investimentos passivos e ativos, a estratégia core-satélite combina o melhor dos dois mundos, posicionando os investimentos indexados como a componente “core” e os investimentos ativos como satélite: