O risco reduz-se com o prazo: as ações são para o médio e longo prazo e as obrigações para os prazos menos longos
A variabilidade das rendibilidades do investimento em ações por anos entre 1873 e 2018
O risco reduz-se com o prazo: as ações são para o médio e longo prazo e as obrigações para prazos mais curtos
O gráfico seguinte evidencia como se comportaram as rendibilidades nominais ou em termos monetários do investimento das ações (S&P 500) e obrigações (Ibbotson e Bloomberg Barclays Aggregate) norte-americanas entre 1950 e 2018, para períodos intermédios de 1, 5, 10 e 20 anos e para uma carteira combinada de ações e obrigações, em partes iguais, de 1950 até à data:
Podemos salientar as seguintes conclusões:
- O intervalo de variação entre as taxas de rendibilidade máximas e mínimas para investimentos a 1 ano é muito superior nas ações do que nas obrigações;
- O risco de perda máxima, medido pela maior variação negativa das taxas de rendibilidade, é muito superior nas ações do que nas obrigações para prazos de investimento a 1 ano, respetivamente, de -39% e -8%;
- Para investimentos a 5 ou mais anos, em termos médios, o risco de perda máxima só é de -3% ao ano nas ações versus -2% ao ano nas obrigações;
- Para investimentos por períodos de 10 anos, em média, o risco de perda máxima é praticamente zero em ambos os ativos, e para investimentos por períodos de 20 anos, em média, as rendibilidades mínimas em ações são de 6% e em obrigações de 1%.
O gráfico seguinte mostra os intervalos de flutuações máximos e mínimos para 3 ativos, por períodos de 1, 2, 5, 10, 20 anos e 30, mas agora em termos de rendibilidades reais, ou seja, corrigidas da inflação: ações de grandes empresas, obrigações do tesouro e bilhetes do tesouro, para o caso norte-americano, entre 1802 e 2012:
Fonte: Stocks for the Long Run, Jeremy Siegel
As conclusões são as seguintes:
- Até ao horizonte de 2 anos, a perda máxima do investimento em ações é muito superior à das obrigações e à dos bilhetes do tesouro;
- No horizonte de 5 anos e para períodos mais longos, o investimento em ações é claramente compensador relativamente a obrigações e bilhetes do tesouro uma vez que a perda máxima não é muito diferente, o ganho máximo é manifestamente superior, e a diferença de rendibilidades médias anuais também, como vimos anteriormente;
- Para horizontes de 10 ou mais anos, o investimento em ações é imbatível, na medida em que os intervalos de variação são mais favoráveis reforçam a maior rendibilidade média anual.
É também importante conhecer-se a frequência de ocorrência das rendibilidades.
No período entre 1926 e 2015, nos EUA, as ações tiveram rendibilidades superiores às obrigações em 63% dos anos, 71% nos períodos de 5 anos, 83% nos de 10 anos, 93% nos de 20 e 99% nos de 30 anos.
Ao longo destes mais de 90 anos, registaram-se rendibilidades negativas em 26% dos anos, apenas 14% em quaisquer períodos de investimento 5 anos e 0% em quaisquer períodos de investimento de 15 anos.
Em suma: As ações são o melhor investimento para o médio e longo prazo, as obrigações para prazos menos longos, e para horizontes até 2 anos, as poupanças, seja em contas de depósitos ou de outro tipo, são melhores.
A variabilidade das rendibilidades do investimento em ações e obrigações por anos entre 1873 e 2018
Outra forma de pensarmos nas perdas e nos ganhos do investimento em ações é olharmos para as rentabilidades proporcionadas por um dos principais índices do mercado, o S&P 500, composto pelas 500 maiores empresas americanas cotadas em bolsa, ao longo dos anos.
Os gráficos de barras seguintes (chamados de histogramas de frequências em estatística), elaborados pela Thomson Datastream, Global Financial Data e a Schroders Economic Group, registam as rendibilidades anuais, em percentagem, verificadas para as obrigações do tesouro norte-americano a 10 anos, no período de 1900 a 2017, e para o S&P 500 no período entre 1873 e 2017, por intervalos de 5% e 10%, respetivamente.
Começamos por apresentá-las individualmente para melhor visualização anual e depois conjuntamente para mais fácil comparação entre as rendibilidades destas 2 classes de ativos.
As obrigações apresentaram rendibilidades anuais entre -10% e até 35%. Tiveram rendibilidades positivas em 85% dos anos e negativas nos 15% restantes. Se olharmos com mais atenção vemos que os anos de melhores rendibilidades anuais ocorreram no período entre 1983 e 2014, que coincidiu com a descida das taxas de juro de níveis superiores a 15% ao ano para 0%.
Vemos que as ações norte-americanas (constituintes do índice S&P 500) proporcionaram rendibilidades positivas que variaram entre -50% e +60%. Estas ações tiveram rendibilidades positivas em 73% dos anos e negativas nos 27% restantes. As rendibilidades negativas superiores a -10% registaram-se em 20 de um total 147 anos.
Ao posicionarmos os dois gráficos lado a lado temos uma mais fácil comparação.
Vemos que as rendibilidades das ações se concentram mais para a direita e com caudas para a esquerda (piores rendibilidades), e as das obrigações se situam mais ao centro e com caudas para a direita (melhores rendibilidades).
Se observarmos com um pouco mais de atenção os gráficos acima podemos concluir que, dum modo geral, os anos de maiores desvalorizações do mercado acionista foram bons anos para as obrigações (por exemplo, 2002 e 2008), o que reforça a importância de uma carteira diversificada que combine estas duas classes de ativos.
É com base nestas observações que dizemos que vale a pena investir em ativos financeiros, e em particular em ações, para horizontes de investimento superiores a 2 anos.
O gráfico a seguir mostra as rentabilidades anuais verificadas pelo S&P 500 em cada ano para um período ainda mais longo, de 1872 a 2018. Os anos positivos são em muito maior número do que os negativos (as rendibilidades negativas ocorreram em cerca de 25% dos anos).
Fonte: U.S. Stock Market Returns – 1870s to Present, The Measure of a Plan.com