Os investimentos temáticos têm ganho interesse e importância nos últimos anos.
Acreditamos que a gestão correta dos investimentos financeiros pessoais passa por investir por objetivos, diversificar e adotar uma estratégia core-satélite, investindo preferencialmente em fundos de investimento generalistas.
No entanto, podemos complementar estes investimentos generalistas por outros, mais oportunísticos, específicos e direcionados.
É aqui que reside o interesse nos investimentos temáticos.
Veja-se por exemplo o superior desempenho da tecnologia nos anos mais recentes, que desde o final de 2019 avançaram mais de 140 versus os 40% do S&P 500:
Na execução de um planeamento financeiro e de investimentos rigoroso, o investidor particular deve começar por analisar a sua situação financeira, presente e futura, avaliar o seu perfil de risco e estabelecer os seus objetivos em conformidade.
Estes fatores determinam a alocação da carteira de investimento pelas principais classes de ativos, obrigações e ações, e respetivas subclasses ou segmentos.
Os investimentos nestas classes e subclasses, devem ser feitos, preferencialmente, via fundos de investimento, que sejam generalistas e representativos dos principais mercados acionistas e obrigacionistas a nível mundial.
O investidor deve também diversificar os vários investimentos, de modo a mitigar o risco envolvido.
Uma forma moderna e cada vez mais comum na gestão de investimentos passa por adotar uma estratégia de investimento core-satélite.
A componente core, primária ou base da carteira, é constituída pelos fundos de investimento generalistas.
A componente satélite, secundária ou complementar, pode tomar a forma de fundos específicos ou até títulos individuais selecionados pelo investidor.
É precisamente nesta componente satélite que entram os investimentos temáticos.
O mundo temático é muito diverso. Entre outras, iremos abordar a tecnologia cloud, a inteligência artificial, a biotecnologia, a sustentabilidade, a demografia e a longevidade, etc.
Há alguns artigos anteriores que pode haver interesse em serem revisitados, nomeadamente os relativos a ESG, Inteligência Artificial e inovação e disrupção tecnológica.
Outros artigos relacionados com este assunto são os da série de ações seculares e os relatórios dos dois estudos de Bessembinder sobre o desempenho das ações constituintes dos principais índices, nos EUA e a nível global.
O que é o investimento temático?
As várias áreas do investimento temático: Tecnologia, Megatendências e Sustentabilidade
Investimentos em Tecnologia ou Inovação disruptiva
Investimentos em Megatendências
Investimentos em Sustentabilidade
O que é o investimento temático?
O investimento temático é uma estratégia de investimento que visa identificar grandes transformações e megatendências suscetíveis de moldar a economia global nas próximas décadas, e os investimentos subjacentes que podem beneficiar da concretização dessas tendências.
Nestes termos, um dado tema deve imperativamente ser estrutural, internacional e multissetorial.
O investimento temático envolve a criação de uma carteira, ou de parte de uma carteira, reunindo um conjunto de empresas envolvidas em determinadas áreas que se prevê virem a gerar retornos superiores ao mercado no longo prazo.
Os temas baseiam-se em megatendências tais como o envelhecimento da população, a revolução digital, ou a ascensão da classe média nos mercados emergentes.
As várias áreas do investimento temático
O investimento temático pode ser agrupado em três principais categorias:
• Tecnologia ou inovação disruptiva
• Megatendências
• Sustentabilidade
Esta compartimentação é mais teórica do que real, na medida em que existem claras interseções estas 3 áreas. Por exemplo, a tecnologia e inovação disruptiva são, em si mesmo, uma megatendência. O mesmo sucede com a sustentabilidade.
Investimentos em tecnologia ou inovação disruptiva
Os investimentos em tecnologia ou inovação disruptiva concentram-se em entender as mudanças de longo prazo na economia dos negócios, à medida que o mercado evolui em resposta aos avanços da tecnologia, indústrias emergentes e mudanças nas preferências dos consumidores.
Ao investir nessas mudanças esperadas, os investidores em disrupção podem beneficiar de oportunidades que surgem quando o mercado subestima o ritmo da mudança.
Uma solução de disrupção pode concentrar-se em tendências de longo prazo que ainda estão nos estágios iniciais de desenvolvimento.
Alguns exemplos podem incluir a computação em nuvem, a condução autónoma e inteligência artificial.
Por exemplo, em 30 de novembro de 2022, a start-up OpenAI lançou publicamente o ChatGPT 3.5, um “chatbot” de inteligência artificial que poderia produzir respostas gramaticalmente precisas e detalhadas a qualquer “prompt” inserido por um usuário.
Em cinco dias, o novo aplicativo tinha 1 milhão de usuários; em janeiro de 2023, tinha mais de 100 milhões, e a OpenAI, sua criadora, foi avaliada em 29 mil milhões de dólares.
A rápida adesão e sucesso do ChatGPT iniciou a revolução da inteligência artificial, pivotada na explosão da Nvidia, produtora dominante dos chips mais avançados.
Depois, a situação estendeu-se a um vasto ecossistema que inclui outros produtores de chips, centros de dados, fornecedores de energia, empresas utilizadoras destas aplicações, etc.
Estes desenvolvimentos ocorrem a uma velocidade estonteante, e cada vez maior, como veremos em seguida.
Investimentos em Megatendências
Os investimentos em megatendências concentram-se em entender o crescimento de longo prazo dos lucros, decorrente de fatores como a demografia, a escassez de recursos, ou outros.
Ao identificar essas tendências em movimento gradual, os investidores de megatendências podem se beneficiar da antecipação dos efeitos.
Algumas mudanças significativas acontecem gradualmente, ao longo de décadas.
Muitos observadores podem ver essas mudanças, mas não perceber como o mundo será transformado em resposta.
Alguns exemplos de megatendências potenciais que podem remodelar os mercados incluem o envelhecimento da população, as implicações em mudanças nos padrões de consumo, e uma população crescente que exige um uso mais eficiente dos recursos.
Investimentos em Sustentabilidade
O investimento sustentável é uma disciplina que incorpora considerações ambientais, sociais e de governança (corporativa) financeiramente relevantes no processo de pesquisa de investimento e de tomada de decisão.
Para os investidores que procuram exposição a empresas com práticas empresariais sustentáveis, como uma forte gestão do capital humano e uma boa governação empresarial, o investimento sustentável pode proporcionar uma forma de investir numa estratégia que reflita uma avaliação disciplinada destas considerações.
Alguns exemplos de temas dentro desta categoria incluem:
- temas ambientais, como o investimento em empresas que respondam à procura de práticas sustentáveis por parte dos consumidores ou que estejam focadas no fornecimento de soluções inovadoras, como as energias alternativas
- temas sociais, como o investimento em empresas que identifiquem e visem oportunidades de negócio em áreas carenciadas, ou empresas comprometidas com um local de trabalho diversificado e inclusivo ou que proporcionem condições de trabalho seguras
- temas de governo societário, tais como investir em empresas comprometidas em incorporar a melhor governança da categoria por meio de aspetos como composição e supervisão do conselho, incentivos à gestão, alocação de capital e políticas favoráveis aos acionistas