Sumário executivo
Desempenho 4Q21: Mercados acionistas nos países desenvolvidos em máximos históricos, após 3 anos consecutivos de retornos acima de 20% nos EUA, quase 2 anos de pandemia e fortes medidas económicas em todo o mundo
Status Covid-19: Pandemia mais controlada pelas taxas de vacinação nos países desenvolvidos, apesar do surto da variante omícron estar a alastrar-se por todo o mundo e a registar taxas de infeção muito elevada
Contexto Macro: Crescimento económico alto a recuperar os níveis de atividade pré-pandémicos, com taxas de inflação altas e a perdurarem por mais tempo do que o previsto
Contexto Micro: Principais indicadores económicos instantâneos e avançados continuam em descida ligeira depois dos recordes históricos atingidos no segundo trimestre
Políticas económicas: Retirada gradual dos estímulos pandémicos, com o termo das políticas orçamentais de apoio à recuperação, a reversão do programa de compra de ativos e anúncio das primeiras subidas de juros pela FED, enquanto os restantes bancos centrais mantêm os estímulos monetários
Mercados acionistas: Mercados acionistas em máximos históricos nos países desenvolvidos, com volatilidade baixa, em resultado do bom crescimento dos resultados por ação e das baixas taxas de juros
Mercados obrigacionistas: Mercados de rendimento fixo mantiveram um desempenho mais volátil devido às oscilações das taxas de juro soberanas de longo prazo associadas às pressões inflacionistas, mas com compressão dos spreads de crédito por diminuição dos riscos de falência
Principais oportunidades: Maior crescimento dos resultados das empresas do que o esperado pelos analistas decorrente de um maior controlo da pandemia a nível mundial (passagem a endemia) e da retoma do consumo aos níveis pré-pandemia
Principais riscos: Maior subida das taxas de juro nos EUA, e redução do crescimento económico na China decorrente da crise imobiliária
Esta fase de transição do ciclo, com bons níveis de crescimento económico e alteração das políticas económicas para um registo menos expansionista, continua a favorecer os mercados acionistas relativamente aos de taxa de juro e de crédito.
Desempenho dos mercados financeiros 4T21
Mercados acionistas nos países desenvolvidos em máximos históricos, após 3 anos consecutivos de retornos acima de 20% nos EUA, quase 2 anos de pandemia e fortes medidas económicas em todo o mundo
Mercados acionistas nos países desenvolvidos em máximos históricos, com retornos de mais de 20% no ano, devido aos bons crescimentos dos resultados das empresas e das políticas económicas fortemente expansionistas, mas com desempenho negativo nos mercados emergentes.
Terceiro ano consecutivo de retornos anuais acima dos 2 dígitos nos países desenvolvidos.
Os mercados obrigacionistas dos países desenvolvidos tiveram um desempenho marginalmente negativo nos títulos do tesouro, mas positivo nos títulos de rating especulativo, por subida das taxas de juro longas e compressão dos spreads.
A capitalização bolsista total das criptomoedas aumentou significativamente e superou o valor de 2 biliões de dólares, com o preço da Bitcoin em 20% dos máximos do ano.
Covid-19
Pandemia mais controlada pelas taxas de vacinação nos países desenvolvidos, apesar do surto da variante omícron estar a alastrar-se por todo o mundo e a registar taxas de infeção muito elevadas
O vírus Covid-19 já ultrapassou os 250 milhões de infetados e os 5 milhões de mortos. Já foram administradas 5 mil milhões de doses de vacinas.
Pandemia mais controlada sobretudo nos países desenvolvidos, tendo o surto da variante omícron fortemente contagiosa sido combatido pela vacinação.
As altas taxas de vacinação e os novos tratamentos mais eficazes perspetivam a passagem a endemia no corrente ano.
Fonte: WHO, Jan, 14, 2022
Contexto macroeconómico
Previsão de crescimento económico global de +5,6% em 2021, de +4,5% em 2022 e 3,2% em 2023, com +5,2%, +4,5% e 3,0%, respetivamente, nas economias avançadas, e de +6,4%, +6,1% e +5,0, respetivamente, nas economias emergentes, respetivamente, de acordo com os últimos dados de dezembro da OCDE e de outubro do FMI.
Assim, perspetivam-se taxas de crescimento económico elevadas e em desaceleração um pouco por todo o mundo, com a retoma dos níveis de atividade pré-pandémicos possibilitada pelas altas taxas de vacinação nos países desenvolvidos.
A inflação continua a atingir máximos históricos das últimas décadas e muito acima dos níveis de referência dos bancos centrais dos EUA e da Europa, permanecendo por mais tempo do que o previsto inicialmente pelas autoridades, mas desacelerando no corrente ano.
Fonte: OECD, Economic Outlook, December 2021
Contexto microeconómico
O Global Composite Output atingiu 54.8 pontos em dezembro, registando uma desaceleração ligeira nos últimos 3 meses do ano, e aumentando para 18 meses consecutivos o período de expansão da atividade económica.
Todos os países com a exceção da Alemanha registaram expansão, com o melhor desempenho nos EUA, Irlanda e India e o maior crescimento na China. Houve ligeiras melhorias no comércio internacional e alguns sinais de menores pressões inflacionistas.
A taxa de dezembro nos EUA continua a cair para 3,9%, aproximando-se dos níveis de 3,5% antes da pandemia.
A confiança dos empresários e consumidores nos países da OCDE desceu ligeiramente.
Políticas económicas
Os países desenvolvidos puseram termo aos programas de estímulo orçamentais de apoio extraordinário à recuperação da atividade e do emprego.
A FED está a retirar os estímulos monetários (processo conhecido por “tapering”), tendo anunciado o propósito de subida de taxas de juro oficiais e de diminuição dos ativos em balanço para combater a inflação atualmente acima dos 7% (máximos desde 1982). Os restantes bancos centrais, BCE, Banco do Japão e Banco de Inglaterra, mantêm a política monetária expansionista por mais algum tempo.
Desde março de 2020 a criação monetária foi de mais de 4 biliões dólares nos EUA e 2 biliões dólares na zona Euro, financiando em boa parte as necessidades orçamentais destas economias.
Fonte: Major Central Bank Total Assets, Yardeni Research, Jan, 13, 2022
As condições financeiras mantêm-se positivas nos países desenvolvidos e resultado das ações dos governos e bancos centrais em todo o mundo e o bom desempenho dos mercados financeiros, e negativas na China pela degradação dos riscos dos ativos
Nos países desenvolvidos as condições financeiras permanecem favoráveis devido à subida dos preços das ações, baixas taxas de juro, compressão dos “spreads” de crédito e aumento do preço das casas.
Nos países emergentes as condições financeiras deterioraram-se, em particular, na China devido ao problema das falências no setor imobiliário, e no Brasil pela desaceleração da atividade económica.
Fonte: Global Financial Stability Report, IMF, October, 2021
Avaliação dos mercados acionistas
O mercado acionista valorizou-se mais de 20% em 2021 nos países desenvolvidos, com 27% no EUA e 20% na zona Euro, contrariamente ao sucedido nos mercados emergentes.
Foi o terceiro ano consecutivo de ganhos acima de 20% nos EUA, continuando as empresas a apresentarem os melhores resultados históricos.
A avaliação do mercado acionista global e nas várias regiões está acima da média de longo prazo. O PER de 21,7 x para os EUA teve uma ligeira descida, mas continua bem acima da média. Os PER de 15,6 x na Zona Euro, de 14,6 x no Japão e de 12,4 x nos mercados emergentes estão também acima da média, e tiveram uma descida mais acentuada.
A avaliação do S&P 500 mostra-se excessiva em termos dos múltiplos, mas contida em termos dos métodos das taxas de juro que a comparam com a atratividade com as obrigações, o que aumenta a sua sensibilidade à subida daquelas.
Os resultados por ação nos EUA já superam largamente os níveis de pré-pandemia nos EUA, mas as estimativas para o próximo ano têm sido revistas em baixa, sobretudo por efeito do início do “tapering”.
As previsões dos analistas para o S&P 500 são de valorização na ordem de 5% a 7%.
Fonte: YRI S&P 500 Earnings Forecast, Yardeni Research, Jan, 10, 2022
Fonte: Global Index Briefing: MSCI Forward P/Es, Yardeni Research, Jan, 12, 2022
Fonte: YRI S&P 500 Earnings Forecast, Yardeni Research, Jan, 10, 2022
Avaliação dos mercados obrigacionistas
Mercados de rendimento fixo mantiveram um desempenho mais volátil devido às oscilações das taxas de juro soberanas de longo prazo associadas às pressões inflacionistas, mas com compressão dos spreads de crédito por diminuição dos riscos de falência
As decisões de política monetária e o aumento da taxa de inflação nos EUA e na Zona Euro, têm norteado a evolução das taxas de juro.
As taxas de juro de médio e longo prazo das obrigações do tesouro estão a níveis históricos muito baixos, mas iniciaram o ano em subida sobretudo nos EUA.
Em 2021 não houve um aumento dos incumprimentos tão significativo quando se esperava fruto dos apoios governamentais concedidos à sustentação da atividade.
Fonte: Market Briefing:Global Interest Rates, Yardeni Research, Jan, 14, 2022
Fonte: Global Financial Stability Report Update, IMF, Oct 2021
Fonte: Global Financial Stability Report Update, IMF, Oct 2021
Principais oportunidades
Maior crescimento económico em todo o mundo em resultado da aceleração do caminho para a endemia
O ritmo de vacinação em curso e a alta propagação da variante omícron em todo o mundo, poderão acelerar o caminho para a endemia, aumentar o comércio internacional, o consumo e o produto globais.
Principais riscos
Uma subida maior e mais rápida das taxas de juro oficiais nos EUA em resposta a maiores pressões inflacionistas, decorrentes do aumento dos preços da energia ou de atrasos no restabelecimento das cadeias de abastecimento, e que possa levar as taxas de juro a 10 anos dos atuais 1,7% para valores acima de 2%, terá impacte nas avaliações dos mercados acionistas.
Um crescimento económico na China inferior ao esperado decorrente da crise no setor imobiliário deteriorará as condições financeiras dos mercados emergentes.
Fonte: OECD Economic Outlook, December 2021
Fonte: OECD, Long term interest rates forecast, Jan, 14