Diversos estudos apontam para que o consultor financeiro tenha um valor entre 1,5% e 4% ao ano
Todas as 3 áreas ou atividades são importantes, mas a de maior contributo é inquestionavelmente o suporte e acompanhamento emocional com cerca de 1,5% ao ano
As três grandes áreas de criação de valor pelo consultor financeiro são a construção de portefólios, o planeamento financeiro e o apoio e acompanhamento emocional
Antes de mostrarmos os seus resultados importa enquadrar esta matéria no conjunto dos serviços prestados.
Segundo a Vanguard há três grandes áreas de criação de valor pelo consultor financeiro:
- Valor do portefólio de investimentos associado à construção de um portefólio ótimo alinhado com as preferências de risco dos clientes (incluindo as características de risco e rendibilidade do portefólio, eficiência fiscal, comissões, rebalanceamento e rotação);
- Valor financeiro diretamente ligado à capacidade de se atingirem os objetivos financeiros (compreendendo comportamentos de poupança e gastos, níveis de endividamento, planeamento da reforma em termos de fluxos de caixa, rendimentos e custos de saúde, seguros e gestão dos riscos e planeamento da herança);
- Valor emocional medido pela tranquilidade decorrente da confiança no consultor e nos mercados, no sucesso e sentido de realização, treino comportamental e auto-confiança.
Diversos estudos apontam para que o consultor financeiro tenha um valor entre 1,5% e 4% ao ano
Há vários estudos que indicam que o consultor financeiro pode adicionar entre 1,5% e 4% às rendibilidades anuais das carteiras de investimento no longo prazo.
Em 2016, a Merrill Lynch publicou um documento em que resumiu as análises feitas por várias entidades sobre esta matéria, decompondo as várias atividades ou serviços prestados:
As fontes foram diversas, usaram várias metodologias e chegaram às seguintes conclusões:
- Envestnet, Capital Sigma The Return of the Advice, 2016, estima um valor médio de 3% por ano;
- Russell Investments, Envestnet, Capital Sigma, The Advisor Advantage, 2019, estima um valor médio de 3% por ano;
- Value of a Financial Advisor Update, 2017, estima um valor médio de mais de 4% por ano;
- Vanguard, Putting a Value on Your Value: Quantifying Vanguard Advisor’s Alpha® 2016, estima um valor médio de 3% por ano;
- Morningstar Investment Management, The Value of a Gamma-Efficient Portfolio, 2017, estima um valor médio de um subconjunto de serviços identificados de 1,5% por ano.
Este relatório mostra que o valor do serviço do consultor financeiro varia entre 1,6% ao ano apurado pela Morningstar até aos 3,9% a 4,2% estimados pela Russell Investments.
De acordo com aqueles estudos, as atividades em que o consultor financeiro aporta mais valor em termos de rendibilidades anuais são:
- O apoio a orientação comportamental que varia entre os 1% da Morningstar e os 4% de Barber;
- A avaliação personalizada dos clientes variável entre os > 0,5% da Envestnet e os 1,65% de Blanchett na otimização de objetivos;
- A gestão das poupanças na vida ativa e das mobilizações na reforma, entre 0,7% e 1,5%;
- A eficiência fiscal, entre os 0,375% da Vanguard e os 1% da Envestnet
- A alocação de ativos, entre 0,2% e 0,5%.
- A seleção de investimentos, entre 0,25% a 0,85%;
- O rebalanceamento, de 0,3% a 0,44%.
Todas as 3 áreas ou atividades são importantes, mas a maior de contributo é inquestionavelmente o suporte e acompanhamento emocional com cerca de 1,5% ao ano
Vamos ver em mais detalhe o estudo da Vanguard feito em 2019:
Este estudo conclui que o contributo do consultor tem um valor de cerca de 3% de rendibilidade anual, distribuindo-se em:
- Até 1,18% pelas atividades de construção dos portefólios (excluindo a adequação da alocação de ativos e a gestão entre ganhos totais e rendimento);
- Até 1,26% pela gestão de gastos e rebalanceamento;
- E 1,50% pela orientação e correção de comportamentos.
Este último aspeto de correção das nossas vulnerabilidades e enviesamentos comportamentais é muitas vezes descurado, mas como vemos é o mais importante.
Nós estamos sujeitos a muitas informações que podem provocar atitudes impulsivas que nos custam caro e que só conseguimos ultrapassar ou combater em nosso benefício com a ajuda de um terceiro, especialista e de confiança, e ninguém melhor do que o consultor financeiro:
Como vimos noutros artigos as nossas principais vulnerabilidades são o excesso de confiança, a miopia da aversão à perda, o ego e o querer fazer tudo sozinho, os ganhos rápidos e as perdas adiadas, a exposição à informação do momento curto prazo e os preconceitos da intuição e representatividade.
https://www.cfainstitute.org/-/media/documents/survey/cfa_investor_trust_global_report.pdf