Como se passa o testemunho financeiro da vida ativa para a reforma? Qual o valor das pensões públicas ou sociais pagas na reforma?
Como se passa o testemunho da vida ativa para a reforma em termos de rendimentos do trabalho para as pensões?
Como se compara a pensão com o último salário? As taxas de substituição brutas e líquidas das pensões na OCDE
As contas que podemos fazer
Como se passa o testemunho da vida ativa para a reforma em termos de rendimentos do trabalho para as pensões?
A nossa vida tem parecenças com a prova de atletismo das estafetas, mas das mais longas. E o testemunho é passado a nós próprios, muito embora com outro percurso pela frente.
A primeira questão que muitos temos quando pensamos na reforma é como se compara a nossa pensão com o valor do último salário à data da reforma.
Ninguém gosta de andar para trás ou de perder nível de vida. Sabemos que provavelmente os nossos gastos correntes não são tão altos como os que temos enquanto trabalhamos.
Contudo, atenção! Os estudos mostram que as poupanças não são assim tão grandes. Vários apontam para precisarmos de cerca de 85% do último salário. Além disso, queremos ter dinheiro para gastos suplementares que nos permitam gozar a vida.
Pelo que aquela questão é muito pertinente.
Não sendo possível adivinhar o futuro, é possível conhecer a realidade presente.
Em Portugal tal como em muitos dos países mais avançados, o valor estimado das pensões pode ser obtido através de consulta eletrónica ou presencial aos serviços da Segurança Social.
Uma aproximação razoável para o valor da pensão média dos cidadãos pode ser obtida através das estatísticas produzidas para os países da OCDE.
São publicados dois valores, o valor estimado das pensões em função do último salário e a quantidade de salários anuais equivalentes ao valor atual das pensões devidas, ou seja:
- A taxa de substituição média bruta e mais adequadamente a líquida das pensões com os salários médios;
- O valor atual das pensões devidas, medido em número de salários anuais, em termos brutos e líquidos.
Como se compara a pensão com o último salário? As taxas de substituição brutas e líquidas das pensões na OCDE
A chamada taxa de substituição bruta da pensão é definida como o quociente entre o valor da pensão e o último salário.
Esta taxa mede a capacidade do sistema de pensões em proporcionar uma substituição do rendimento para a idade da reforma. Este indicador é medido em percentagem do último rendimento do trabalho e por género.
O gráfico seguinte mostra as taxas de substituição da pensão bruta para um assalariado de rendimentos médios nos vários países da OCDE, destacando Portugal e algumas das maiores regiões ou economias mundiais, tais como a OCDE, União Europeia, EUA, Reino Unido, China, Japão e Austrália.
O valor médio da pensão relativamente ao último salário, em termos brutos, ou a taxa de substituição bruta, é de 74% em Portugal, acima dos 58% da média dos 28 países da União Europeia e dos 54% da média dos países da OCDE.
Esta taxa é mais alta na China, India e Itália, entre outros, e muito baixa em países como o Reino Unido (23%), Austrália (30%), Japão (35%) e EUA (38%).
Mais relevante ainda do que a taxa de substituição bruta é a taxa de substituição líquida da pensão, definida como o mesmo quociente entre os valores do último rendimento do trabalho e o da pensão, mas em termos líquidos de impostos e das contribuições para a segurança social a cargo de trabalhadores e pensionistas.
O gráfico seguinte mostra as taxas de substituição da pensão líquida para um assalariado de rendimentos médios nos vários países da OCDE, com os mesmos destaques em termos de países e regiões:
Em termos líquidos, a taxa de substituição das pensões é de mais de 90% em Portugal, cerca de 80% na China, 70% na média dos 28 países da União Europeia e pouco mais de 60% nos países da OCDE.
Mantém-se muito baixa no Reino Unido (30%), no Japão e Austrália (40%) e nos EUA (50%).
Passando das médias para vários escalões de rendimento temos:
Normalmente, a taxa de substituição líquida é maior para níveis de rendimentos mais baixos. Para a média dos países da OCDE essa taxa é de 58,6% para um agregado com rendimentos médios, sobre para 68,3% para famílias com metade dos rendimentos médios e desce para 54,7% para os agregados com rendimentos 50% superiores aos médios.
As contas que podemos fazer
Isto significa que se gastamos normalmente e em média 85% do nosso último salário na idade da reforma, nos países em que a taxa de substituição é superior a esta percentagem, as famílias com rendimentos médios não terão uma necessidade tão grande de constituir muitas poupanças para a reforma, mas nos países em que esta taxa é muito inferior àquele valor, essas pessoas terão de complementar estas pensões com outros rendimentos.
No entanto, as famílias com rendimentos superiores aos médios terão normalmente necessidade de fazer o seu complemento pessoal de reforma.
https://www.oecd.org/daf/fin/private-pensions/Pension-Markets-in-Focus-2021.pdf
Vale a pena termos presente o seguinte exemplo dos EUA para termos uma ideia das coberturas de rendimentos na reforma por escalões de rendimentos no ativo:
É evidente que tudo o que não vier da Segurança Social tem de ser proveniente de pensões ou poupanças privadas.