Os CFD são os produtos de maior complexidade e mais alto risco da ampla família dos produtos estruturados
O que são os Contratos por Diferenças ou CFD (“Contracts-For-Differences”)?
Como é que os CFD se transacionam ou negoceiam?
Cerca de 80% dos negócios de CFD pelos investidores registam perdas
Os CFD estão proibidos nos EUA, mas são muito transacionados em muitos países, incluindo na Europa
As autoridades reguladoras europeias impuseram recentemente algumas limitações à oferta e negociação de CFD
Os CFD são os produtos de maior complexidade e mais alto risco da ampla família dos produtos estruturados
Em artigos anteriores apresentámos a família dos produtos estruturados.
Identificámos as suas caraterísticas e os diferentes tipos de produtos, incluindo os depósitos e as obrigações estruturados, mostrando que é uma família de produtos ampla que abarca produtos de muito diferentes graus de complexidade e de risco.
Subsequentemente, analisámos as vantagens e desvantagens dos investimentos em produtos estruturados, para concluirmos sobre os investidores a quem se destinam.
Um dos produtos de maior complexidade e risco são os Contratos por diferenças, ou CFD, devido ao seu grau de alavancagem elevado.
Estes produtos são naturalmente muito procurados por investidores especulativos, mas também atraem muitos investidores comuns.
Neste artigo desenvolvemos estes contratos por diferenças, descrevendo as suas características, mostrando que têm com alta probabilidade de perda e que podem implicar perdas elevadas, e que estão banidos em vários países.
Os contratos por diferença têm vindo a crescer bastante na Europa nos últimos anos, onde. já atingem um volume de negócios anual de um bilião de euros.
Este crescimento baseia-se em campanhas publicitárias muito agressivas e na promoção por várias celebridades desenvolvidas pelas plataformas electrónicas especializadas, que atraem investidores individuais ansiosos para negociar moedas, ações e criptomoedas.
Recentemente, os reguladores europeus começaram a intervir e tomar conta de uma indústria que consideram ter estado em roda livre e que tem deixado muitos investidores sem dinheiro.
A forte atração destes CFD para muitos investidores é surpreendente, sobretudo quando comparamos muitas situações com algum desinteresse pelos produtos de investimento tradicionais como obrigações, ações e fundos de investimento.
Mas no fundo esta atração radica na procura de ganho rápido e fácil dos investidores, ou seja, no gene especulativo e de ganância de que todos sofremos.
O investimento em produtos tradicionais exige paciência para extrair os retornos de médio e longo prazo que muitos investidores não possuem e podem parecer desinteressantes e pouco excitantes.
O que são os Contratos por Diferenças ou CFD (“Contracts-For-Differences”)?
Os contratos por diferenças (CFD) são contratos entre investidores e instituições financeiras nos quais os investidores tomam uma posição sobre o valor futuro de um ativo.
As partes acordam trocar a diferença no valor de um produto financeiro entre o momento em que o contrato se inicia (abertura) e termina (fecho).
Um investidor de CFD nunca possui o ativo subjacente, mas tem os proveitos ou custos associados à mudança de preço desse ativo.
Não há entrega de bens físicos ou títulos com os CFD.
Um investidor de CFD nunca possui o ativo subjacente, mas os proveitos ou custos são apurados com base na mudança de preço desse ativo.
No essencial, os investidores podem usar CFD para fazer apostas sobre se o preço do ativo ou título subjacente vai subir ou cair.
Como é que os CFD se transacionam ou negoceiam?
Os CFD estão disponíveis para uma variedade de ativos subjacentes, como ações, mercadorias e câmbios.
Um CFD envolve duas negociações. A primeira negociação cria a posição aberta a um dado preço, que mais tarde é fechada através de uma negociação inversa a um preço diferente, com o fornecedor de CFD.
Se a primeira negociação for uma compra, a segunda negociação (que fecha a posição aberta) é uma venda. Se a negociação de abertura foi uma venda, a negociação de fecho é uma compra.
O lucro líquido do investidor é a diferença de preço entre a negociação de abertura e a negociação de fecho (menos qualquer comissão ou juros).
É uma estratégia de negociação avançada que é utilizada apenas por investidores experientes.
Os investidores podem apostar quer num movimento de subida quer de descida.
Cerca de 80% dos negócios de CFD pelos investidores registam perdas
Considerando o risco elevado das transações em CFD, os reguladores exigem que as plataformas comercializadoras informem e advirtam os investidores das estatísticas das perdas nos negócios pelos investidores.
Atualmente, entre 74% e 89% das contas de investidores individuais que negoceiam CFD perdem dinheiro:
Estas perdas são transversais a todos os operadores, independentemente da respetiva oferta de produtos e das regras de negociação.
Os valores das perdas nalguns países europeus e na Austrália foram os seguintes em 2017:
São perdas bastante significativas quer em percentagem de negócios quer no montante da perda.
Os CFD estão proibidos nos EUA, mas são muito transacionados em muitos países, incluindo na Europa
A negociação de CFD está há muito tempo ou foi recentemente proibida em muitas jurisdições, mas ainda negoceiam em vários países.
A negociação de CFD é proibida nos Estados Unidos.
É possível negociar CFD em países como o Reino Unido, Alemanha, Suíça, Singapura, Espanha, França, África do Sul, Canadá, Nova Zelândia, Suécia, Noruega, Itália, Tailândia, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Austrália, bem como a região administrativa especial de Hong Kong.
As autoridades reguladoras europeias impuseram recentemente algumas limitações à oferta e negociação de CFD
Os reguladores limitaram pela primeira vez a venda e a comercialização de CFD para clientes individuais há três anos.
As empresas financeiras só podem oferecer CFD a investidores individuais devidamente experientes ou qualificados.
Esta negociação é para pessoas que passaram por um teste de adequação e querem transacionar com alavancagem.
Foram impostos novos requisitos de deveres para com os consumidores, obrigando os prestadores a garantir que os clientes compreendem estes negócios.
Isso forçou os corretores a limitarem a alavancagem que ofereciam aos investidores a um máximo de 30:1, com controlos mais rigorosos implementados para ativos mais voláteis.
Os fornecedores também passaram a ser obrigados a fechar a posição de um cliente quando os fundos tenham caído significativamente.